Educação Ambiental.
O texto na coluna direita à seguir, foi editado pelos Ministérios do Meio
Ambiente e da Educação do Governo Federal Brasileiro, para o Programa Nacional
de Educação Ambiental – PRONEA
“Nos
últimos 40 anos foram pródigos em encontros, conferências, seminários, tratados
e convenções voltadas à temática ambiental e, no entanto, nunca se comprometeu
tanto a capacidade de manutenção da vida, o que indica a necessidade de ações
educacionais que contribuam para a construção de sociedades sustentáveis.
No Brasil,
a ameaça à biodiversidade está presente em todos os biomas, em decorrência,
principalmente, do desenvolvimento desordenado de atividades produtivas. A
degradação do solo, a poluição atmosférica e a contaminação dos recursos
hídricos são alguns dos efeitos nocivos observados. Na maioria dos centros
urbanos, os resíduos sólidos ainda são depositados em lixões, a céu aberto.
Associa-se
a isso um quadro de exclusão social e elevado nível de pobreza da população.
Muitas pessoas vivem em áreas de risco, como encostas, margens de rios e
periferias industriais. É preciso também considerar que uma significativa
parcela dos brasileiros tem uma percepção “naturalizada” do meio ambiente,
excluindo homens, mulheres, cidades e favelas desse conceito.
Reverter
esse quadro configura um grande desafio para construção de um Brasil
sustentável, entendido como um país socialmente justo e ambientalmente seguro.
Nota-se ainda um distanciamento entre a letra das leis e sua efetiva aplicação,
sobretudo no que se refere às dificuldades encontradas por políticas
institucionais e movimentos sociais voltados à consolidação da cidadania entre
segmentos sociais excluídos.
As
estratégias de enfrentamento da problemática ambiental, para surtirem o efeito
desejável na construção de sociedades sustentáveis, envolvem uma articulação
coordenada entre todos os tipos de intervenção ambiental direta, incluindo
neste contexto as ações em educação ambiental. Dessa forma, assim como as
medidas políticas, jurídicas, técnico-científicas, institucionais e econômicas
voltadas à proteção,
recuperação e melhoria socioambiental1 despontam também as atividades no âmbito educativo.
Com efeito, diante da
constatação da necessidade de edificação dos pilares das sociedades
sustentáveis, os sistemas sociais atualizam-se para incorporar a dimensão
ambiental em suas respectivas especificidades, fornecendo os meios adequados
para efetuar a transição societária em direção à sustentabilidade. Assim, o
sistema jurídico cria um “direito ambiental”, o sistema científico desenvolve
uma “ciência complexa”, o sistema tecnológico cria uma “tecnologia eco eficiente”,
o sistema econômico potencializa uma “economia ecológica”, o sistema político
oferece uma “política verde” e o sistema educativo fornece uma “educação
ambiental”.
Cabe a cada um dos sistemas
sociais o desenvolvimento de funções de acordo com as suas atribuições
específicas, respondendo às múltiplas dimensões da sustentabilidade, buscando
superar os obstáculos da exclusão social e da má distribuição da riqueza
produzida no país.
É preciso ainda garantir o
efetivo controle e a participação social na formulação e execução de políticas
públicas, de forma que a dimensão ambiental seja sempre considerada.
E nesse contexto, em que os
sistemas sociais atuam na promoção da mudança ambiental, a educação assume
posição de destaque para construir os fundamentos da sociedade sustentável,
apresentando uma dupla função a essa transição societária: propiciar os
processos de mudanças culturais em direção à instauração de uma ética ecológica
e de mudanças sociais em direção ao pensamento dos indivíduos, grupos e sociedades
que se encontram em condições de vulnerabilidade em face dos desafios da
contemporaneidade.
Com a proposta de mudança
cultural na sociedade, entende-se que são necessárias mudanças nos desejos e
formas de olhar a realidade, nas utopias e nas necessidades materiais e
simbólicas, nos padrões de produção e consumo, lazer e religiosidade. Assim, o
PRONEA almeja contribuir para o enraizamento de uma cultura de respeito e de
valorização da diversidade e da identidade (de ser humano, de ser brasileiro,
de ser do município X, da raça Z, do gênero Y, da classe social W etc.), ou
seja, de ser diferente e gostar disto, sem deixar de lutar para superar aquelas
diferenças que incomodam e oprimem, mas valorizando o outro em suas
especificidades e com ele dialogando no sentido de trabalhar os conflitos,
visando não a sua supressão, mas ao seu equacionamento democrático.
Com a proposta de mudança
social entendemos como necessárias a superação da injustiça social, da
apropriação da natureza e da humanidade pelo Capital, da desigualdade social e dos processos em que se privatizam lucros e
socializam as mazelas decorrentes entre as parcelas desfavorecidas da população.
Para que a atuação do poder
público no campo da educação ambiental possa ocorrer de modo articulado tanto entre
as iniciativas existentes no âmbito educativo como entre as ações voltadas à
proteção, recuperação e melhoria socioambiental, e assim propiciar um efeito
multiplicador com potencial de repercussão na sociedade, faz-se necessária a
formulação e a implementação de políticas públicas de educação ambiental que
integrem essa perspectiva. Nesse sentido, a criação do PRONEA se configura como
um esforço do governo federal no estabelecimento das condições necessárias para
a gestão da Política Nacional de Educação Ambiental, fortalecendo os processos
existentes nessa direção na sociedade brasileira.
Portanto, é no sentido de
promover a articulação das ações educativas voltadas às atividades de proteção,
recuperação e melhoria socioambiental, e de potencializar a função da educação
para as mudanças culturais e sociais, que se insere a educação ambiental no
planejamento estratégico do governo federal do país”.
O Conceito de Educação Ambiental.
Art. 1o da Lei no 9.795 de abril
de 1999
"Entendem-se por educação
ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade
constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade."
Para emergência e expansão da EA muito tem contribuído o
crescendo da percepção da complexidade das relações entre as sociedades humanas
e o ambiente, mas também de configuração de uma nova ética. Acreditamos que a
autêntica EA se desenvolve em diferentes planos, considerando como fundamentais
as dimensões ética, conceptual e metodológica.
Modificações na percepção que a humanidade tem do planeta,
da sua dinâmica e funcionamento, bem como das iterações que com ele estabelece,
constituem um quadro propício ao estabelecimento de uma ética ambiental São
essas modificações de percepção e de consciência, sobretudo ao nível das conseqüências
desastrosas de uma tradição antropocêntrica, que provocam uma nova visão
pedagógica do tema ambiental. À luz de uma concepção sistêmica da Ecosfera, já
não basta educar a partir do ambiente ou através dele, impõe-se um nível mais
teleológico, ou seja, educar para o ambiente.
De acordo com Villaverde (1988), a EA é, em primeira instância,
um movimento ético e só depois deve ser entendida como uma renovação conceptual
e metodológica. Citando Catalán e
Catany, Villaverde (1988) defende a necessidade de criar
uma nova ética, uma nova estética, uma nova maneira de analisar a realidade
mais global, mais ecológica, e vê a EA como a manifestação no campo da educação
da crise ecológica em que estamos mergulhados.
Na perspectiva desta autora, a EA teria como primeiro princípio
básico o rever de modo radical a postura do homem em relação ao ambiente. Isto
significa, portanto, o abandono da lógica antropocêntrica. E ao nível da
prática educativa a questão fundamental seria ajudar os alunos a compreender de
forma global a realidade que os rodeia e da qual fazem parte e, em suma,
compreender-se a si próprios. Decorrentes deste, outros aspectos igualmente
importantes configuram a dimensão ética da EA. Uma nova percepção do homem
dando-lhe um novo posicionamento, compreender que cada momento do seu
quotidiano faz parte do dialético homem ambiente à luz da qual deve ser vista a
problemática ambiental.
Nesta óptica, qualquer abordagem aos problemas ambientais,
implica a assunção pessoal e social que, de forma positiva ou negativa, a
montante ou a jusante, a presença humana é iniludível. Do ponto de vista
educativo e dada a complexidade das questões ambientais, importa procurar a
multiplicidade das suas causas, indagar sobre a sua gênesis . É conhecendo
realmente o como e o porquê dos problemas, através da observação, reflexão e da
investigação, que se poderão rever o sistema de valores e, em conformidade com
estes, os comportamentos. E a mudança que se preconiza é uma mudança para a
solidariedade planetária e intemporal. Ser solidário com os outros hoje, mas
sê-lo também com o futuro, significa perceber a ecosfera como substrato de toda
a humanidade e da vida. Defender o princípio de que há só uma Terra e que os
seus recursos são finitos, é atribuir à educação (escolar ou não) a
responsabilidade de desenvolvimento, sobretudo nos jovens, de uma mentalidade
planetária, fazendo-os sentir se como habitantes de uma aldeia global cujo
destino está também em suas mãos.
Embora já o Relatório final da Conferência de Tbilisi
considerasse que “ apesar dos traços biológicos e físicos constituírem a base
natural do ambiente humano, a sua dimensão ética, cultural e econômica
desempenham um papel importante nas orientações e nos instrumentos pelos quais
os indivíduos podem chegar a entender e fazer melhor uso dos recursos naturais para
satisfazer a suas necessidades”, continua a fazer sentido a insistência.
Talvez resida na quase ausência de um enquadramento ético
uma das causas da ineficácia da Educação Ambiental.
Robottom (1993) argumenta que essa ligação à dimensão ética
está na própria origem essencialmente política da EA: a tomada de consciência
dos países do Terceiro Mundo do quanto o seu ambiente está sendo degradado
pelas atividades dos países desenvolvidos.
Contudo, quando o movimento de EA ganha força e começa a
ter alguma expressão nos currículos escolares, houve uma marcada tendência para
a EA se integrar na educação científica o que, segundo Ian Robotom, se traduziu
numa perda de muito do seu inicial enfoque político e ético passando os
problemas ambientais a ser interpretados como problemas exclusivamente técnicos
para os quais se buscam soluções meramente técnicas. É o que o autor designa
por racionalidade tecnocrática.
A EA deverá transformar a perspectiva da tecno-ciência num
eco-ciência. Evocando E.
Morin, cada vez mais a ciência exige consciência.
Se a necessidade de uma nova ética parece ser hoje uma questão
pacífica, importa então, encontrar a melhor forma do como o sistema educativo,
a escola, os professores, poderão contribuir para a mudança de valores nos
alunos para uma reorientação da sua conduta. É aqui que a EA passa para aos planos
conceptuais e metodológicos.
A dimensão conceptual da EA constitui talvez a mais
trabalhada e a mais facilmente percebida, até porque tem sido muito comum fazer
corresponder EA a aprendizagem de conteúdos de ecologia. Apesar de, obviamente,
a EA extravasar cada vez mais o conhecimento técnico e científico do ambiente,
este aspecto continua a ser fundamental até porque atitudes e comportamentos a
favor do ambiente supõem um conhecimento do próprio ambiente. Importa, pois,
uma conceptualização adequada ao nível etário dos alunos de forma a
conseguir-se uma clarificação gradual de conceitos, mecanismos e processos
sobre os quais assenta basicamente a tomada de decisões.
O
conceito de ambiente global transporta consigo outros conceitos e orientações
com implicações significativas no campo da Educação Ambiental.
Outras definições:
"A educação ambiental é a
ação educativa permanente pela qual as comunidades educativas têm a tomada de
consciência de sua realidade global, do tipo de relações que os homens
estabelecem entre si e com a natureza, dos problemas derivados de ditas
relações e suas causas profundas. Ela desenvolve, mediante uma prática que
vincula o educando com a comunidade, valores e atitudes que promovem um
comportamento dirigido a transformação superadora dessa realidade, tanto em
seus aspectos naturais como sociais, desenvolvendo no educando as habilidades e
atitudes necessárias para dita transformação.” Conferência Sub-regional de
Educação Ambiental para a Educação Secundária Chosica/Peru (1976).
"A educação ambiental é um
processo de reconhecimento de valores e clarificações de conceitos, objetivando
o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio,
para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, suas
culturas e seus meios biofísicos. A educação ambiental também está relacionada
com a prática das tomadas de decisões e a ética que conduzem para a melhora da
qualidade de vida". Conferência Intergovernamental de Tbilisi (1977)
"Processo em que se
busca despertar a preocupação individual e coletiva para a questão ambiental,
garantindo o acesso à informação em linguagem adequada, contribuindo para o
desenvolvimento de uma consciência crítica e estimulando o enfrentamento das
questões ambientais e sociais. Desenvolve-se num contexto de complexidade,
procurando trabalhar não apenas a mudança cultural, mas também a transformação
social, assumindo a crise ambiental como uma questão ética e política.”
Patrícia Mousinho. Glossário. In: Trigueiro, A. (Coord.) Meio ambiente no
século 21. Rio de Janeiro: Sextante. 2003.
Caracterização e Aplicação de Educação Ambiental
A educação ambiental pode ser aplicada como toda ação
educativa que contribui para a formação de cidadãos conscientes da preservação
do meio ambiente e apto a tomar decisões coletivas sobre questões ambientais
necessárias para o desenvolvimento de uma sociedade sustentável. Dessa forma,
sua aplicação não se restringe ao universo escolar, mas deve permear este para
facilitar o entendimento dessas questões e suas aplicações no dia a dia.
Uma das alternativas para a inclusão da temática ambiental
no meio escolar é "a aprendizagem em forma de projetos". Segundo
Capra (2003), essa é uma proposta alinhada com o novo entendimento do processo
de aprendizagem que sugere a necessidade de estratégias de ensino mais
adequadas e torna evidente a importância de um currículo integrado que valorize
o conhecimento contextual, no qual as várias disciplinas sejam vistas como
recursos a serviço de um objeto central. Esse objeto central também pode ser
entendido como um tema transversal que permeia as outras disciplinas já
constituídas e consegue trazer para a realidade escolar o estudo de problemas
do dia a dia.
Além disso, as atividades de educação ambiental precisam
extrapolar o âmbito escolar e promover o aprendizado e, até, a transformação de
todos nós. Segundo Nalini (2003), proteger a natureza precisa ser tarefa
permanente de qualquer ser pensante e aprender a conhecê-la e respeitá-la pode
levar uma vida inteira. Não há limite cronológico, em termos de educação
ambiental, para que todos estejam em processo de aprendizado constante.
Entretanto, como a maioria dos temas transversais, educação ambiental é um
muito abrangente e a maioria dos projetos que se propõem a trabalhar o assunto
procuram concentrar-se em focos mais específicos dentro deste grande assunto.
Um
programa de educação ambiental para ser efetivo deve promover simultaneamente,
o desenvolvimento de conhecimento, de atitudes e de habilidades necessárias à
preservação e melhoria da qualidade ambiental. Utiliza-se como laboratório, o
metabolismo urbano e seus recursos naturais e físicos, iniciando pela escola,
expandindo-se pela circunvizinhança e sucessivamente até a cidade, a região, o
país, o continente e o planeta.
A
educação ambiental se constitui numa forma abrangente de educação, que se
propõe atingir todos os cidadãos, através de um processo pedagógico
participativo permanente que procura incutir no educando uma consciência
crítica sobre a problemática ambiental, compreendendo-se como crítica a
capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas ambientais.
Atualmente, são comuns a contaminação dos cursos
de água, a poluição atmosférica, a devastação das florestas, a caça
indiscriminada e a redução ou mesmo destruição dos habitats faunísticos, além
de muitas outras formas de agressão ao meio ambiente.
Dentro deste contexto, é clara a necessidade de
mudar o comportamento do homem em relação à natureza, no sentido de promover
sob um modelo de desenvolvimento sustentável (processo que assegura uma gestão
responsável dos recursos do planeta de forma a preservar os interesses das
gerações futuras e, ao mesmo tempo atender as necessidades das gerações
atuais), a compatibilização de práticas econômicas e conservacionistas, com
reflexos positivos evidentes junto à qualidade de vida de todos. Pode ser
subdividida em formal e informal:
Formal: é um processo
institucionalizado que ocorre nas unidades de ensino;
Informal: se caracteriza por sua
realização fora da escola, envolvendo flexibilidade de métodos e de conteúdos e
um público alvo muito variável em suas características (faixa etária, nível de
escolaridade, nível de conhecimento da problemática ambiental, etc.).
Modernidade e Desenvolvimento Sustentável
A
população está cada vez mais envolvida com as novas tecnologias e com cenários
urbanos perdendo desta maneira, a relação natural que tinham com a terra e suas
culturas. Os cenários, tipo shopping Center, passam a ser normais na vida dos
jovens e os valores relacionados com a natureza não tem mais pontos de
referência na atual sociedade moderna.
A
educação ambiental se constitui numa forma abrangente de educação, que se
propõe atingir todos os cidadãos, através de um processo pedagógico
participativo permanente que procura incutir no educando uma consciência
crítica sobre a problemática ambiental, compreendendo-se como crítica a
capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas ambientais.
A
chave para o desenvolvimento é a participação, a organização, a educação e o
fortalecimento das pessoas. O desenvolvimento sustentado não é centrado na
produção, e sim nas pessoas. Deve ser apropriado não só aos recursos e ao meio
ambiente, mas também à cultura, história e sistemas sociais do local onde ele ocorre.
As
atividades deverão participar cada vez mais no desenvolvimento do país, não
apenas pelo lado econômico, como geradora de divisas, mas também do lado
social, como componente indispensável à manutenção da qualidade de vida.
São
programas de educação ambiental, especialmente aqueles que se destinam às
comunidades internas e externas e às instituições florestais, devem centrar-se
no tema florestas e na interdependência da sociedade com as mesmas.
Ambas as formações, naturais e
implantadas, possuem uma importância ecológica e sócio-econômica de grande
relevância para a sociedade. Esta importância justifica a implantação de
programas de educação ambiental que, no mínimo, despertem as pessoas para sua
significância.
O mais importante nestes
programas é saber relacionar as florestas com o cotidiano das pessoas, seja
demonstrando que móveis materiais de construção, papel, fósforos e outros
elementos são produtos originariamente florestais ou, evidenciando que o micro
clima, a presença de pássaros, a água de consumo e o lazer são seus produtos
indiretos.
Outros aspectos importantes são
os que dizem respeito à segurança das áreas de florestas de propriedade da
empresa e com relação aos incêndios florestais.
Sustentabilidade
Desta forma, pode-se dizer que um empreendimento sustentável, ele devolve ao meio ambiente todo ou parte dos recursos que processou e garantem uma boa qualidade de vida as populações que nele atuam ou que vivam nas imediações ou na área afetada pelo projeto. Garantindo assim, uma longa vitalidade e um baixo impacto naquela região durante gerações. Muito além das definições, o ideal de sustentabilidade total, onde toda a influência provocada, por um agrupamento humano ou em empreendimentos; é anulado através dos procedimentos adotados ainda é muito difícil. Mesmo assim, é importante ter em mente que adotar as práticas que transformem nossa presença em determinado lugar o mais sustentável possível é a única saída para determos a degradação ambiental que estamos experimentando nos últimos anos e as graves alterações climáticas que vemos causar grandes desastres em diversas partes do planeta.
É necessário entender o que é sustentabilidade é muito mais conhecer seu significado bonito e orientado para empresas e organizações ligadas ao meio ambiente. É muito importante entender e saber que a adoção de práticas sustentáveis na vida de cada indivíduo é um fator decisivo para possibilitar a sobrevivência da raça humana e a continuidade da disponibilidade dos recursos naturais.
Ao atuarmos de forma irresponsável e queimarmos indiscriminadamente nossos recursos naturais, sem dar tempo ao planeta para se recuperar, estamos provocando a escassez de recursos necessários a nossa sobrevivência e dificultando a vida de milhões de pessoas. Um exemplo clássico disso é a falta de água potável que muitas comunidades vêm enfrentando em alguns países e que, se uma forma mais grave de escassez se manifestar, acabará causando guerras pela posse e conquista das fontes de água potável remanescentes.
Se todos entendessem a importância da adoção de práticas de sustentabilidade desde muito cedo; todas essas alterações climáticas poderiam ser evitadas ou retardadas ao máximo e os recursos naturais estariam disponíveis e fartos por muito mais tempo. O que daria tempo para a humanidade buscar formas mais eficientes para resolver esses problemas em longo prazo.
Ações aparentemente simples e de pouco impacto, quando tomadas por um grande número de pessoas, tornarão a sustentabilidade uma realidade palpável e real em qualquer parte onde haja a presença humana e garantirá a sobrevivência de nossa espécie por muito mais tempo.
Iniciar a formação de uma mentalidade sustentável e fornecer os conhecimentos necessários para isso deve se iniciar desde a mais tenra infância e assim que as crianças consigam compreender os conceitos existentes por trás deste tema importantíssimo. Isso permitirá que num futuro próximo, essas crianças se transformem em multiplicadores e, em um tempo mais distante, em adultos conscientes e competentes para buscar métodos e modelos de vida que garantam a sustentabilidade de suas casas e a sustentabilidade de suas cidades. Exercendo o seu poder de pressão e de decisão sobre as empresas e sobre toda a sociedade em que vivem.
Essa educação ambiental e os conceitos de sustentabilidade devidamente arraigados e cultivados nos corações e nas mentes das futuras gerações; proporcionarão o poder necessário as massas para que exerçam a capacidade de regular o mercado e garantir que os aproveitadores e espertalhões de plantão sejam severamente banidos; garantindo uma sobrevida apenas para as empresas que sigam os preceitos da sustentabilidade na fabricação de seus produtos ou no fornecimento de seus serviços, ou seja, uma empresa sustentável. Assim, o poder do indivíduo transbordará para toda a sociedade e ganhará força, cada vez maior, pressionando as corporações a cuidar melhor e proteger o meio ambiente em que se inserem.
Esta é, sem sombra de dúvidas, a característica mais essencial e mais positiva e que, evidentemente, mais garantirá a continuidade de uma boa condição de vida para as gerações futuras. Uma correta educação ambiental eliminará a idéia errônea e egoísta de que “estamos sós”. E provará, até para os mais céticos, que tudo está interligado e que cada ação, negativa ou positiva, tem seus reflexos no meio ambiente que nos cerca. Quando o ser humano entender isso e todas as sociedades voltar-se para a importância que representa levar uma vida mais sustentável; o mundo deixará de correr o grave risco que hoje corre de uma aniquilação pelo esgotamento de sua capacidade de manter nossas vidas no ritmo atual de exigências e de consumo que imprimimos, e quem sabe conseguiremos ter um planeta sustentável.
Desde que o homem está sobre a terra, nós estamos consumindo e destruindo o ambiente que nos cerca e nos provém a vida. No entanto, nos dias atuais, já somos capazes de criar um entendimento e perceber que esse comportamento acabará por exterminar nossa sociedade e nossa raça. Temos, portanto, o dever de prover as gerações que se apresentam e as futuras, os meios necessários para compreender os desafios e os problemas e contribuir de forma decisiva para a solução e para a busca de novos horizontes quando o assunto é sustentabilidade ambiental.
A globalização.
A
globalização aparece como algo inevitável e benéfico, séculos depois que a
Europa conheceu o mundo e lhe impôs uma administração que transita entre o
oculto e o escancarado em suas tentativas de se consolidar. A globalização é o
resultado do mundo regido sobre os postulados da modernidade. É criado um
cenário onde os dominados se sentem independentes conforme tenham acesso aos
mercados e os padrões de vida dos dominantes, onde tudo se torna consumível
tanto em termos de bens quanto de conhecimento. Os dominantes ditam os padrões
de comportamento pela chamada colonização cultural, fruto da comunicação em massa,
uma ferramenta capitalista na concretização de suas imposições. É mais um mecanismo
da ideologia dominante se tornar globalizada.
A
escola projetada para os próximos anos deve ajudar na compreensão das
realidades contemporâneas atuais e futuras. A escola regular, formal e pública
é o núcleo da educação básica, como direito social garantido pelo Estado. Desse
patamar, parte-se para outras formas de educação, a exemplo da ambiental, em um
mundo que encurta pela comunicação ao tempo em que se integra em uma comunidade
internacional em blocos de nações cada vez mais liberalizadas. Projeta-se,
assim, uma educação em dimensão planetária para um mundo que se globaliza.
Elegem-se alguns aspectos como se fossem janelas de amplos cenários: direitos humanos,
cultura da paz, meio-ambiente equilibrado, desenvolvimento sustentável e
compreensão internacional.
Nessa
perspectiva planetária, admite-se que a escola não deveria estar presa às
amarras, ideologias e indisposições do Estado-nação, embora se encontre em tal
situação. A ilustração mais clara é o ensino da disciplina História nos seus
relatos sobre vitórias e derrotas entre vizinhos, sejam franceses e germânicos,
brasileiros e paraguaios. Daí é preciso considerar o currículo como um
instrumento em busca da paz e da conquista de direito humanos, tanto do
infante, criança, jovem, adolescente, adulto e idoso, como da mulher, cidadã
prestante com acesso às carreiras e com garantido sucesso nas ocupações do
mercado de trabalho. Em face da globalização, é necessário fazer crescer o
sentimento distributivo da justiça social e de uma educação compensatória
quando, por exemplo, a educação ambiental passe a ser exercitada formalmente na
escola e fora da sala de aula. O ecoturismo ocupa-se das unidades de conservação,
sejam os parques nacionais (PN), unidades de preservação ambiental (APA),
estações ecológicas, lagos, rios cênicos, litorais. Essa educação relativa ao
meio-ambiente induz o respeito aos animais, às árvores, às plantas, como nomeia
a Bíblia, aos seres da natureza. Na perspectiva ambientalista, não existe
“mato”, como conjunto de plantas desprezíveis ou “terreno inculto onde só
medram plantas agrestes.”
A
educação relativa ao meio-ambiente afetou a concepção do desenvolvimento, antes
entendido como aumento das quantidades globais – renda, produto - e uso
intensivo dos recursos naturais, prática que causou e continua provocando
enormes desastres ecológicos, devastações, desmatamentos, extinções de espécies
vegetais e animais. Ao contrário, a educação global, planetária e mundial
enfatiza o desenvolvimento sustentado: crescer sem depredar é considerar a sustentabilidade
do meio-ambiente. (BOAVENTURA, 1998a) Dimensionando a educação na perspectiva
planetária, procura-se, preliminarmente, precisar a concepção da educação
global; em seguida, questionar e justificar os seus propósitos; dimensionar as aberturas
de aprendizagem; para, enfim, encarar a educação planetária em face do processo
crescente e inevitável da globalização.
Concepção
da educação global ou planetária como corrente de pensamento e ação, a educação
na perspectiva planetária repousa em convicções e crenças fiéis a valores
humanos.
Possibilita
uma compreensão internacional do mundo atual e futuro, de seus problemas e
desafios. Educação global, segundo os norte-americanos, ou educação planetária,
como denominam os canadenses de expressão francesa, implica um exame preliminar
do vocábulo. Gérard Lucas (informação verbal),
professor da Universidade do Québec, em Montreal
(UQAM), optou por Educação Planetária de preferência a Educação
Global. Justifica a escolha em face de ser o vocábulo global derivado de globo, planeta terra, um conceito em
francês ligado à idéia de totalidade, como em “método
global” de leitura. Aliás, como é também, em
português. A expressão inglesa Global Education, já bastante utilizada no Brasil, corresponde melhor à Éducation
Planétaire, em francês. Além dessa ponderação de ordem
etimológica, que ajuda a compreensão do vocábulo,
o enfoque desenvolvido por Lucas compreende cinco volets (janelas): direitos humanos, paz, meio-ambiente,
desenvolvimento sustentado e compreensão
internacional (BOAVENTURA, 1996).
Precisando
a concepção da palavra, o dicionário de Renald Legendre (1993, p. 448-449),
define educação global: “Educação que tem por finalidade favorecer nas pessoas
a compreensão das múltiplas dimensões do mundo atual e futuro e a participação
eficaz nos desafios inerentes”.
Traduzindo-se
livremente o verbete, complementa-se a definição: A educação global se apóia
nos princípios do universalismo, da diversidade, adotando um enfoque sistêmico
das realidades complexas, relações e interações, nas perspectivas históricas e
planetárias. Caracteriza-se por visar uma melhor compreensão dos diferentes
sistemas interligados: físicos, biológicos, sociais, econômicos, políticos e
informáticos, dando uma atenção especial às diferentes culturas e civilizações.
Propõe o desenvolvimento de habilidades ligadas à educação cívica e visa o
reforço de uma real democracia tendo por fim desenvolver um agir responsável referente
às realidades políticas, concernente ao domínio público. Em síntese, para um
mundo global, onde vive uma comunidade global, deve-se desenvolver uma
cidadania igualmente global envolvida de uma responsabilidade global. Para tanto,
a educação global propugna pela adaptação dos currículos escolares às novas
realidades contemporâneas (LEGENDRE, 1993, p. 448).
Conclusão
Já no
presente, a inevitável crise ambiental assola a sociedade, já denominada de
risco e, que requer a elaboração de novos modelos de ação para o
desenvolvimento sustentável, incluindo a luta por justiça ambiental como
extensão do movimento moderno pelos direitos civis. A produção de educação
ocorre a partir da problematização de algumas questões que hoje se apresentam
como características da modernidade e da crise na relação homem-natureza. O
paradigma da modernidade levará ao colapso da natureza e, conseqüentemente, da
própria humanidade, com seu estilo de vida profundamente arraigado nos modos de
produção capitalista. Entretanto, ao passo que o paradigma da modernidade pode
levar a este colapso, a própria natureza da sociedade de risco que lhe é
pertinente aponta uma ambivalência, relacionada tanto a desastres quanto a
oportunidades. Diante dessa evidência, buscou-se levantar alguns conceitos e
reflexões que possibilitem uma melhor compreensão desta intrincada relação do
ser humano consigo mesmo, com o outro e, especialmente, com o meio ambiente no
qual está imerso. Busca-se a possibilidade de reencontrar uma relação
equilibrada do ser humano com a natureza como caminho de preservação, do
desenvolvimento sustentável e da justiça ambiental, isto em meio à sociedade
tida como de risco.
A educação ambiental deve ter por objetivo a plena
capacitação do indivíduo para compreender adequadamente as implicações
ambientais do desenvolvimento socioeconômico no nível mundial, independente de fatores
exclusivos, pois o custo do desenvolvimento está diretamente comprometido nas
ações de sustentabilidade, conservação e preservação.
Ecossistemas e biodiversidade
A diversidade de ecossistemas é
mais ambígua que as outras duas categorias na Convenção da Diversidade
Biológica (CDB). Ecossistemas são essencialmente sistemas funcionais,
caracterizados por sua dinâmica. Porém, usar a dinâmica com base para avaliar,
inventariar ou monitorar a diversidade de ecossistemas, é pouco praticável,
embora não impossível. De todo modo, em termos práticos, a diversidade de
ecossistemas tem sido tratada como correlacionada com a diversidade de
fisionomias de vegetação, de paisagem ou de biomas, mas isso não resolve por
completo a questão.
O termo ‘biodiversidade’ foi
cunhado a partir da expressão ‘diversidade biológica’, mas transcendeu o seu
significado original. No começo da década de 1980, ‘diversidade biológica’ era
sinônimo de riqueza de espécies; em 1982, o termo adquiriu o sentido de
diversidade genética e riqueza de espécies e, por fim, em 1986, com a contração
da expressão, expandiu-se para abrigar além da diversidade genética e da
diversidade de espécies, a diversidade ecológica. Em 1986, no 1º Fórum
Americano sobre diversidade biológica, organizado pelo Conselho Nacional de
Pesquisa dos EUA (National Research Council, NRC), Wilson, substitui a
expressão “Diversidade Biológica” por “Biodiversidade”, e sua publicação
contribuiu para sua popularidade, sendo adotada com rapidez e sua presença no
campo científico cresceu de forma quase contínua, além de ser incorporada por
ambientalistas, líderes políticos e cidadãos no mundo todo.
Assim, é costume adotar-se a
diversidade dentro de espécies, abrange toda a variação entre indivíduos de uma
população, bem com entre populações espacialmente distintas da mesma espécie.
Na prática, essa diversidade tem sido tratada como equivalente à diversidade
genética, embora possa incluir diversidade morfológica, de comportamento, etc.,
sem ater-se estritamente à base genética de tais diferenças. A
diversidade entre espécies, por sua vez, corresponde ao que se chama de
diversidade de espécies: a variedade de espécies existente em algum tipo de
ambiente ou em uma região definida.
Biodiversidade, ecossistemas e suas definições
A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), popularmente
conhecida como a Convenção da Biodiversidade, define o termo ‘diversidade
biológica’, em seu segundo artigo, como a “variabilidade entre organismos vivos
de todas as origens compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres,
marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem
parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e
de ecossistemas.” Apesar das controvérsias em torno dessa definição, a CDB
consolidou uma forma de ver a biodiversidade e contribuiu para introjetá-la na
pauta política de seus mais de 180 países signatários.
No começo da década de 1990,
vários pesquisadores foram entrevistados por David Takacs, que, entre outros
resultados, compilou uma série de definições do termo “biodiversidade”.
Nessas definições é possível identificar, pelo menos, duas grandes correntes: a
que aposta na diversidade de espécies e a que considera os processos
biológicos, de alguma forma, como parte da biodiversidade. Seguem alguns
exemplos:
·
“A variedade de
populações geneticamente distintas e espécies de plantas, animais e
microorganismos com os quais o homem compartilha a terra e a variedade de
ecossistemas dos quais eles são partes integrantes”. Paul Ehrlich, 1992.
·
“Biodiversidade é o
número total de linhagens genéticas na terra”. Thomas Eisner, 1992.
·
“Biodiversidade é a
soma das espécies da terra incluindo todas suas interações e variações com seu
ambiente biótico e abiótico no espaço e no tempo”. Terry Erwin, 1991
·
“A dimensão da
diferença nos múltiplos níveis de organização biológica, considerando todas as
diferentes entidades e todos os diferentes processos”. Donald Falk, 1992.
·
“Total de genes,
populações, espécies e o conjunto de interações que eles manifestam”. Daniel
Janzen, 1992.
·
“Variação,
variabilidade ou variedade de organismos vivos, o que inclui variação
intraespecífica e os níveis de comunidades, ecossistemas e paisagens”. K.C.
Kim, 1992.
·
“Diversidade de todos
os níveis de organização”. Thomas Lovejoy, 1992
·
“A diversidade biótica
total indicada como o número de espécies e a diversidade genética que
abrangem”. S.J. McNaughton, 1992.
·
“Variedade da vida e
seus processos”. Reed Noss, 1992.
·
“Diversidade de
espécies que existem num determinado ecossistema”. David Pimentel, 1992.
·
“A soma total de
plantas, animais, fungos e microorganismos no mundo, incluindo sua diversidade
genética e o envolvimento de todos em comunidades e ecossistemas”. Peter Raven,
1992.
·
“É a vida em todas
suas dimensões, riqueza e manifestações, não apenas no nível de indivíduos e
espécies, mas também no nível de agregações, comunidades, etc.” Michael Soulé,
1992.
·
“Variedade da vida ao
longo de todos os níveis de organização, desde diversidade gênica em
populações, diversidade de espécies, que devem ser encaradas como a unidade
pivotal de classificação, até diversidade de ecossistemas”. Edward O. Wilson,
1992.
Os sistemas biológicos não se
resumem apenas na mera presença dos organismos, seu funcionamento depende dos
tipos e das combinações entre os organismos presentes.
Por causa disso, há quem tenha
proposto que a biodiversidade possui três componentes fundamentais através dos
quais pode ser aferida: a composição, a estrutura e a função. A composição diz
respeito a que elementos consistem a unidade biológica; a estrutura, como eles
se organizam fisicamente, e a função versam sobre que processos ecológicos ou
evolutivos mantêm ou são produzidos pela unidade biológica considerada.
Assim, a biodiversidade abarca
os processos que geram e mantêm as espécies, a variabilidade genética, a
diversidade de populações e comunidades, a multiplicidade de ecossistemas e
paisagens, bem como todas suas relações com o meio físico e entre si.
Além do número de espécies,
outros aspectos da biodiversidade podem ser representados pelo número de níveis
tróficos presentes, o número de guildas, a variedade de ciclos de vida e a
diversidade de recursos biológicos, devendo ser considerados quando se busca
uma caracterização ecológica e ambiental. Algumas espécies podem desempenhar um
papel importante para a riqueza total de espécies, tais como árvores,
polinizadores, simbiontes mutualistas, patógenos reguladores da população e
agentes de controle biológico com efeitos sobre a biodiversidade local.
Assim, mostra-se sensato o
argumento de cientistas e pesquisadores de que a conservação de genes, espécies
e comunidades não é suficiente para manter todos os fenômenos biológicos
desejados, pois alguns resultam, por exemplo, das interações únicas entre
determinados componentes dos sistemas.
O termo biodiversidade é
derivado da expressão diversidade biológico e consistem no total de genes,
espécies e ecossistemas de uma determinada região. O conceito envolve,
portanto, três diferentes categorias complementares de biodiversidade: genética,
de espécies e de ecossistemas. A biodiversidade abrange ainda a variabilidade
existente dentro de uma dessas categorias.
A diversidade genética refere-se
à variação de genes dentro de uma mesma espécie. Como as diferentes
características de cada indivíduo são determinadas por genes específicos,
podemos encontrar dentro de cada espécie diferentes níveis de diversidade
genética. Muitas vezes, os geneticistas buscam nas espécies silvestres
determinados genes que podem emprestar importantes características em culturas
comerciais, como, por exemplo, o ângulo de inserção de folhas de uma planta ou
a sua resistência a uma determinada praga. Quando o número de indivíduos de uma
mesma espécie é muito pequeno, verifica-se a degeneração desse grupo, pela redução
da diversidade genética, podendo provocar a sua extinção.
Entende-se por diversidade de
espécies o número de diferentes espécies encontradas numa região. Embora o
número de espécies seja freqüentemente usado como critério de riqueza de
biodiversidade, uma medida mais precisa é a diversidade taxonômica. Por exemplo, um ecossistema com três espécies
de insetos é menos diversificado que outro que possua apenas uma espécie de inseto, outra de ave e uma
terceira de mamífero. O número de espécies no ambiente terrestre é muito maior
do que no ambiente marinho, contudo, como as espécies terrestres são mais
próximas geneticamente entre si do que as marinhas podem afirmar que a
biodiversidade no mar é maior.
Os ecossistemas tropicais são os
mais ricos do mundo, pois apesar de cobrirem apenas 7% da superfície terrestre
possuem de 50 a
90% do número de espécies de animais, plantas e microorganismos do planeta.
Estudos dos padrões ecológicos e geográficos de distribuição da biodiversidade
demonstram que, em geral, a riqueza biológica é maior em pequenas latitudes e
altitudes, razão pela quais países tropicais têm, geralmente, uma grande
biodiversidade. O Brasil, em função de sua localização, de suas dimensões e de
seu imenso litoral, é o país que detém a maior biodiversidade do mundo.
Estimativas científicas sobre o número de espécies existentes na Terra ainda
são desencontradas, pois variam de 2
a 100 milhões. Cálculos sobre a biodiversidade global
feitos por E. O. Wilson, da Universidade de Harvard, indicavam, em 1987, a existência de mais
de 5 milhões de espécies de seres vivos. Estima-se, entretanto, que o número
mais próximo da realidade seja o de aproximadamente 10 milhões de espécies, das
quais apenas em torno de 1,5 milhões foi devidamente classificada e descrita
cientificamente.
A biodiversidade de ecossistemas
envolve sistemas em equilíbrio dinâmico formados pelo meio biótico e por
componentes abióticos. Com o desenvolvimento desse processo, não somente as
espécies se adaptam, mas também o próprio meio adquire características bastante
particulares que os diferencia dos demais. Podemos considerar, portanto, que o
ecossistema é uma entidade viva, capaz de apresentar, no seu conjunto, as
condições de vida das diversas espécies que o compõem.
O Brasil, com área de 8,5
milhões de km², ocupa quase a metade da América do Sul. Apresenta várias
regiões com diferenças climáticas e ecológicas, as quais originam ecossistemas
distintos, com características próprias, denominados biomas, entre os quais se
destacam a maior floresta tropical úmida do planeta (Floresta Amazônica), a
maior planície inundável do mundo (Pantanal), savanas, bosques, florestas
semi-áridas, Mata Atlântica e ainda uma costa marinha com 3,5 milhões de km² que
abriga ecossistemas sensíveis, como manguezais, recifes de coral, estuários,
pântanos e dunas.
Das diversas espécies de plantas
importantes economicamente no mundo, destacam-se algumas originárias do Brasil,
como castanha-do-pará, amendoim, caju, carnaúba, mandioca e abacaxi. A
agricultura brasileira também se utiliza de plantas exóticas, procedimento que
aumenta o potencial econômico e incrementa os números da biodiversidade. A
cana-de-açúcar, por exemplo, é proveniente da Nova Guiné; a soja e a laranja,
da China; o café, da Etiópia; o arroz, das Filipinas; o cacau, do México; e o
trigo, da Ásia. A silvicultura nacional depende dos eucaliptos da Austrália e
dos pinheiros da América Central. Na pecuária, os bovinos são provenientes da
Índia, os eqüinos, da Ásia Central e os
capins, da África. A piscicultura utiliza carpas da China, tilápias da África
Central, e a apicultura está baseada em abelhas-europa, provenientes da Europa
e África.
As florestas brasileiras
representam uma importante fonte de riqueza, tanto de forma direta, com o
fornecimento de matéria-prima para os setores siderúrgicos, papeleiro e
madeireiro, quanto indireta, pelas influências ambientais positivas que exerce
na manutenção da biodiversidade, no equilíbrio dos gases atmosféricos, no ciclo
hidrológico e no controle da erosão.
Conclusão
Os serviços ecossistêmicos
associados à biodiversidade são fundamentais para a garantia de um
desenvolvimento sustentável e mesmo uma importante ferramenta na construção de
políticas públicas que visem à redução da pobreza e auxilio mútuo na preservação
das espécies e conservação do meio ambiente.
Professor Ricardo Hisamoto - Biólogo.
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