sábado, 1 de abril de 2017

Disciplina obrigatória: Educação Ambiental

Educação Ambiental.

O texto na coluna direita à seguir,  foi editado pelos Ministérios do Meio Ambiente e da Educação do Governo Federal Brasileiro,  para o Programa Nacional de Educação Ambiental – PRONEA




“Nos últimos 40 anos foram pródigos em encontros, conferências, seminários, tratados e convenções voltadas à temática ambiental e, no entanto, nunca se comprometeu tanto a capacidade de manutenção da vida, o que indica a necessidade de ações educacionais que contribuam para a construção de sociedades sustentáveis.
No Brasil, a ameaça à biodiversidade está presente em todos os biomas, em decorrência, principalmente, do desenvolvimento desordenado de atividades produtivas. A degradação do solo, a poluição atmosférica e a contaminação dos recursos hídricos são alguns dos efeitos nocivos observados. Na maioria dos centros urbanos, os resíduos sólidos ainda são depositados em lixões, a céu aberto.
Associa-se a isso um quadro de exclusão social e elevado nível de pobreza da população. Muitas pessoas vivem em áreas de risco, como encostas, margens de rios e periferias industriais. É preciso também considerar que uma significativa parcela dos brasileiros tem uma percepção “naturalizada” do meio ambiente, excluindo homens, mulheres, cidades e favelas desse conceito.
Reverter esse quadro configura um grande desafio para construção de um Brasil sustentável, entendido como um país socialmente justo e ambientalmente seguro. Nota-se ainda um distanciamento entre a letra das leis e sua efetiva aplicação, sobretudo no que se refere às dificuldades encontradas por políticas institucionais e movimentos sociais voltados à consolidação da cidadania entre segmentos sociais excluídos.
As estratégias de enfrentamento da problemática ambiental, para surtirem o efeito desejável na construção de sociedades sustentáveis, envolvem uma articulação coordenada entre todos os tipos de intervenção ambiental direta, incluindo neste contexto as ações em educação ambiental. Dessa forma, assim como as medidas políticas, jurídicas, técnico-científicas, institucionais e econômicas voltadas à proteção, recuperação e melhoria socioambiental1 despontam também as atividades no âmbito educativo.
Com efeito, diante da constatação da necessidade de edificação dos pilares das sociedades sustentáveis, os sistemas sociais atualizam-se para incorporar a dimensão ambiental em suas respectivas especificidades, fornecendo os meios adequados para efetuar a transição societária em direção à sustentabilidade. Assim, o sistema jurídico cria um “direito ambiental”, o sistema científico desenvolve uma “ciência complexa”, o sistema tecnológico cria uma “tecnologia eco eficiente”, o sistema econômico potencializa uma “economia ecológica”, o sistema político oferece uma “política verde” e o sistema educativo fornece uma “educação ambiental”.
Cabe a cada um dos sistemas sociais o desenvolvimento de funções de acordo com as suas atribuições específicas, respondendo às múltiplas dimensões da sustentabilidade, buscando superar os obstáculos da exclusão social e da má distribuição da riqueza produzida no país.
É preciso ainda garantir o efetivo controle e a participação social na formulação e execução de políticas públicas, de forma que a dimensão ambiental seja sempre considerada.
E nesse contexto, em que os sistemas sociais atuam na promoção da mudança ambiental, a educação assume posição de destaque para construir os fundamentos da sociedade sustentável, apresentando uma dupla função a essa transição societária: propiciar os processos de mudanças culturais em direção à instauração de uma ética ecológica e de mudanças sociais em direção ao pensamento dos indivíduos, grupos e sociedades que se encontram em condições de vulnerabilidade em face dos desafios da contemporaneidade.
Com a proposta de mudança cultural na sociedade, entende-se que são necessárias mudanças nos desejos e formas de olhar a realidade, nas utopias e nas necessidades materiais e simbólicas, nos padrões de produção e consumo, lazer e religiosidade. Assim, o PRONEA almeja contribuir para o enraizamento de uma cultura de respeito e de valorização da diversidade e da identidade (de ser humano, de ser brasileiro, de ser do município X, da raça Z, do gênero Y, da classe social W etc.), ou seja, de ser diferente e gostar disto, sem deixar de lutar para superar aquelas diferenças que incomodam e oprimem, mas valorizando o outro em suas especificidades e com ele dialogando no sentido de trabalhar os conflitos, visando não a sua supressão, mas ao seu equacionamento democrático.
Com a proposta de mudança social entendemos como necessárias a superação da injustiça social, da apropriação da natureza e da humanidade pelo Capital, da desigualdade social  e dos processos em que se privatizam lucros e socializam as mazelas decorrentes entre as parcelas desfavorecidas da população.
Para que a atuação do poder público no campo da educação ambiental possa ocorrer de modo articulado tanto entre as iniciativas existentes no âmbito educativo como entre as ações voltadas à proteção, recuperação e melhoria socioambiental, e assim propiciar um efeito multiplicador com potencial de repercussão na sociedade, faz-se necessária a formulação e a implementação de políticas públicas de educação ambiental que integrem essa perspectiva. Nesse sentido, a criação do PRONEA se configura como um esforço do governo federal no estabelecimento das condições necessárias para a gestão da Política Nacional de Educação Ambiental, fortalecendo os processos existentes nessa direção na sociedade brasileira.
Portanto, é no sentido de promover a articulação das ações educativas voltadas às atividades de proteção, recuperação e melhoria socioambiental, e de potencializar a função da educação para as mudanças culturais e sociais, que se insere a educação ambiental no planejamento estratégico do governo federal do país”.


O Conceito de Educação Ambiental.

Art. 1o da Lei no 9.795 de abril de 1999
"Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade."

Para emergência e expansão da EA muito tem contribuído o crescendo da percepção da complexidade das relações entre as sociedades humanas e o ambiente, mas também de configuração de uma nova ética. Acreditamos que a autêntica EA se desenvolve em diferentes planos, considerando como fundamentais as dimensões ética, conceptual e metodológica.
Modificações na percepção que a humanidade tem do planeta, da sua dinâmica e funcionamento, bem como das iterações que com ele estabelece, constituem um quadro propício ao estabelecimento de uma ética ambiental São essas modificações de percepção e de consciência, sobretudo ao nível das conseqüências desastrosas de uma tradição antropocêntrica, que provocam uma nova visão pedagógica do tema ambiental. À luz de uma concepção sistêmica da Ecosfera, já não basta educar a partir do ambiente ou através dele, impõe-se um nível mais teleológico, ou seja, educar para o ambiente.
De acordo com Villaverde (1988), a EA é, em primeira instância, um movimento ético e só depois deve ser entendida como uma renovação conceptual e metodológica. Citando Catalán e
Catany, Villaverde (1988) defende a necessidade de criar uma nova ética, uma nova estética, uma nova maneira de analisar a realidade mais global, mais ecológica, e vê a EA como a manifestação no campo da educação da crise ecológica em que estamos mergulhados.
Na perspectiva desta autora, a EA teria como primeiro princípio básico o rever de modo radical a postura do homem em relação ao ambiente. Isto significa, portanto, o abandono da lógica antropocêntrica. E ao nível da prática educativa a questão fundamental seria ajudar os alunos a compreender de forma global a realidade que os rodeia e da qual fazem parte e, em suma, compreender-se a si próprios. Decorrentes deste, outros aspectos igualmente importantes configuram a dimensão ética da EA. Uma nova percepção do homem dando-lhe um novo posicionamento, compreender que cada momento do seu quotidiano faz parte do dialético homem ambiente à luz da qual deve ser vista a problemática ambiental.
Nesta óptica, qualquer abordagem aos problemas ambientais, implica a assunção pessoal e social que, de forma positiva ou negativa, a montante ou a jusante, a presença humana é iniludível. Do ponto de vista educativo e dada a complexidade das questões ambientais, importa procurar a multiplicidade das suas causas, indagar sobre a sua gênesis . É conhecendo realmente o como e o porquê dos problemas, através da observação, reflexão e da investigação, que se poderão rever o sistema de valores e, em conformidade com estes, os comportamentos. E a mudança que se preconiza é uma mudança para a solidariedade planetária e intemporal. Ser solidário com os outros hoje, mas sê-lo também com o futuro, significa perceber a ecosfera como substrato de toda a humanidade e da vida. Defender o princípio de que há só uma Terra e que os seus recursos são finitos, é atribuir à educação (escolar ou não) a responsabilidade de desenvolvimento, sobretudo nos jovens, de uma mentalidade planetária, fazendo-os sentir se como habitantes de uma aldeia global cujo destino está também em suas mãos.
Embora já o Relatório final da Conferência de Tbilisi considerasse que “ apesar dos traços biológicos e físicos constituírem a base natural do ambiente humano, a sua dimensão ética, cultural e econômica desempenham um papel importante nas orientações e nos instrumentos pelos quais os indivíduos podem chegar a entender e fazer melhor uso dos recursos naturais para satisfazer a suas necessidades”, continua a fazer sentido a insistência.
Talvez resida na quase ausência de um enquadramento ético uma das causas da ineficácia da Educação Ambiental.
Robottom (1993) argumenta que essa ligação à dimensão ética está na própria origem essencialmente política da EA: a tomada de consciência dos países do Terceiro Mundo do quanto o seu ambiente está sendo degradado pelas atividades dos países desenvolvidos.
Contudo, quando o movimento de EA ganha força e começa a ter alguma expressão nos currículos escolares, houve uma marcada tendência para a EA se integrar na educação científica o que, segundo Ian Robotom, se traduziu numa perda de muito do seu inicial enfoque político e ético passando os problemas ambientais a ser interpretados como problemas exclusivamente técnicos para os quais se buscam soluções meramente técnicas. É o que o autor designa por racionalidade tecnocrática.
A EA deverá transformar a perspectiva da tecno-ciência num eco-ciência. Evocando E.
Morin, cada vez mais a ciência exige consciência.
Se a necessidade de uma nova ética parece ser hoje uma questão pacífica, importa então, encontrar a melhor forma do como o sistema educativo, a escola, os professores, poderão contribuir para a mudança de valores nos alunos para uma reorientação da sua conduta. É aqui que a EA passa para aos planos conceptuais e metodológicos.
A dimensão conceptual da EA constitui talvez a mais trabalhada e a mais facilmente percebida, até porque tem sido muito comum fazer corresponder EA a aprendizagem de conteúdos de ecologia. Apesar de, obviamente, a EA extravasar cada vez mais o conhecimento técnico e científico do ambiente, este aspecto continua a ser fundamental até porque atitudes e comportamentos a favor do ambiente supõem um conhecimento do próprio ambiente. Importa, pois, uma conceptualização adequada ao nível etário dos alunos de forma a conseguir-se uma clarificação gradual de conceitos, mecanismos e processos sobre os quais assenta basicamente a tomada de decisões.
O conceito de ambiente global transporta consigo outros conceitos e orientações com implicações significativas no campo da Educação Ambiental.

Outras definições:

"A educação ambiental é a ação educativa permanente pela qual as comunidades educativas têm a tomada de consciência de sua realidade global, do tipo de relações que os homens estabelecem entre si e com a natureza, dos problemas derivados de ditas relações e suas causas profundas. Ela desenvolve, mediante uma prática que vincula o educando com a comunidade, valores e atitudes que promovem um comportamento dirigido a transformação superadora dessa realidade, tanto em seus aspectos naturais como sociais, desenvolvendo no educando as habilidades e atitudes necessárias para dita transformação.” Conferência Sub-regional de Educação Ambiental para a Educação Secundária Chosica/Peru (1976).
"A educação ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificações de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios biofísicos. A educação ambiental também está relacionada com a prática das tomadas de decisões e a ética que conduzem para a melhora da qualidade de vida". Conferência Intergovernamental de Tbilisi (1977)
 "Processo em que se busca despertar a preocupação individual e coletiva para a questão ambiental, garantindo o acesso à informação em linguagem adequada, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência crítica e estimulando o enfrentamento das questões ambientais e sociais. Desenvolve-se num contexto de complexidade, procurando trabalhar não apenas a mudança cultural, mas também a transformação social, assumindo a crise ambiental como uma questão ética e política.” Patrícia Mousinho. Glossário. In: Trigueiro, A. (Coord.) Meio ambiente no século 21. Rio de Janeiro: Sextante. 2003.

Caracterização e Aplicação de Educação Ambiental

A educação ambiental pode ser aplicada como toda ação educativa que contribui para a formação de cidadãos conscientes da preservação do meio ambiente e apto a tomar decisões coletivas sobre questões ambientais necessárias para o desenvolvimento de uma sociedade sustentável. Dessa forma, sua aplicação não se restringe ao universo escolar, mas deve permear este para facilitar o entendimento dessas questões e suas aplicações no dia a dia.
Uma das alternativas para a inclusão da temática ambiental no meio escolar é "a aprendizagem em forma de projetos". Segundo Capra (2003), essa é uma proposta alinhada com o novo entendimento do processo de aprendizagem que sugere a necessidade de estratégias de ensino mais adequadas e torna evidente a importância de um currículo integrado que valorize o conhecimento contextual, no qual as várias disciplinas sejam vistas como recursos a serviço de um objeto central. Esse objeto central também pode ser entendido como um tema transversal que permeia as outras disciplinas já constituídas e consegue trazer para a realidade escolar o estudo de problemas do dia a dia.

Além disso, as atividades de educação ambiental precisam extrapolar o âmbito escolar e promover o aprendizado e, até, a transformação de todos nós. Segundo Nalini (2003), proteger a natureza precisa ser tarefa permanente de qualquer ser pensante e aprender a conhecê-la e respeitá-la pode levar uma vida inteira. Não há limite cronológico, em termos de educação ambiental, para que todos estejam em processo de aprendizado constante. Entretanto, como a maioria dos temas transversais, educação ambiental é um muito abrangente e a maioria dos projetos que se propõem a trabalhar o assunto procuram concentrar-se em focos mais específicos dentro deste grande assunto.
Um programa de educação ambiental para ser efetivo deve promover simultaneamente, o desenvolvimento de conhecimento, de atitudes e de habilidades necessárias à preservação e melhoria da qualidade ambiental. Utiliza-se como laboratório, o metabolismo urbano e seus recursos naturais e físicos, iniciando pela escola, expandindo-se pela circunvizinhança e sucessivamente até a cidade, a região, o país, o continente e o planeta.
A educação ambiental se constitui numa forma abrangente de educação, que se propõe atingir todos os cidadãos, através de um processo pedagógico participativo permanente que procura incutir no educando uma consciência crítica sobre a problemática ambiental, compreendendo-se como crítica a capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas ambientais.
Atualmente, são comuns a contaminação dos cursos de água, a poluição atmosférica, a devastação das florestas, a caça indiscriminada e a redução ou mesmo destruição dos habitats faunísticos, além de muitas outras formas de agressão ao meio ambiente.
Dentro deste contexto, é clara a necessidade de mudar o comportamento do homem em relação à natureza, no sentido de promover sob um modelo de desenvolvimento sustentável (processo que assegura uma gestão responsável dos recursos do planeta de forma a preservar os interesses das gerações futuras e, ao mesmo tempo atender as necessidades das gerações atuais), a compatibilização de práticas econômicas e conservacionistas, com reflexos positivos evidentes junto à qualidade de vida de todos. Pode ser subdividida em formal e informal:
Formal: é um processo institucionalizado que ocorre nas unidades de ensino; 
Informal: se caracteriza por sua realização fora da escola, envolvendo flexibilidade de métodos e de conteúdos e um público alvo muito variável em suas características (faixa etária, nível de escolaridade, nível de conhecimento da problemática ambiental, etc.).

Modernidade e Desenvolvimento Sustentável

A população está cada vez mais envolvida com as novas tecnologias e com cenários urbanos perdendo desta maneira, a relação natural que tinham com a terra e suas culturas. Os cenários, tipo shopping Center, passam a ser normais na vida dos jovens e os valores relacionados com a natureza não tem mais pontos de referência na atual sociedade moderna.
A educação ambiental se constitui numa forma abrangente de educação, que se propõe atingir todos os cidadãos, através de um processo pedagógico participativo permanente que procura incutir no educando uma consciência crítica sobre a problemática ambiental, compreendendo-se como crítica a capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas ambientais.
A chave para o desenvolvimento é a participação, a organização, a educação e o fortalecimento das pessoas. O desenvolvimento sustentado não é centrado na produção, e sim nas pessoas. Deve ser apropriado não só aos recursos e ao meio ambiente, mas também à cultura, história e sistemas sociais do local onde ele ocorre.
As atividades deverão participar cada vez mais no desenvolvimento do país, não apenas pelo lado econômico, como geradora de divisas, mas também do lado social, como componente indispensável à manutenção da qualidade de vida.
São programas de educação ambiental, especialmente aqueles que se destinam às comunidades internas e externas e às instituições florestais, devem centrar-se no tema florestas e na interdependência da sociedade com as mesmas.
Ambas as formações, naturais e implantadas, possuem uma importância ecológica e sócio-econômica de grande relevância para a sociedade. Esta importância justifica a implantação de programas de educação ambiental que, no mínimo, despertem as pessoas para sua significância.
O mais importante nestes programas é saber relacionar as florestas com o cotidiano das pessoas, seja demonstrando que móveis materiais de construção, papel, fósforos e outros elementos são produtos originariamente florestais ou, evidenciando que o micro clima, a presença de pássaros, a água de consumo e o lazer são seus produtos indiretos.
Outros aspectos importantes são os que dizem respeito à segurança das áreas de florestas de propriedade da empresa e com relação aos incêndios florestais.

Sustentabilidade

Sustentabilidade nos dicionários estará definida como a capacidade de ser sustentável. Mesmo parecendo uma redundância; esse conceito quando aplicado em relação à atuação humana frente ao meio ambiente em que vive é plenamente compreendido e se assenta como uma luva. Nesse contexto, entendemos que sustentabilidade é a capacidade de um indivíduo, grupo de indivíduos ou empresas e aglomerados produtivos em geral; têm de manterem-se inseridos num determinado ambiente sem, contudo, impactar violentamente esse maio. Assim, pode-se entender como a capacidade de usar os recursos naturais e, de alguma forma, devolvê-los ao planeta através de práticas ou técnicas desenvolvidas para este fim.
Desta forma, pode-se dizer que um empreendimento sustentável, ele devolve ao meio ambiente todo ou parte dos recursos que processou e garantem uma boa qualidade de vida as populações que nele atuam ou que vivam nas imediações ou na área afetada pelo projeto. Garantindo assim, uma longa vitalidade e um baixo impacto naquela região durante gerações. Muito além das definições, o ideal de sustentabilidade total, onde toda a influência provocada, por um agrupamento humano ou em empreendimentos; é anulado através dos procedimentos adotados ainda é muito difícil. Mesmo assim, é importante ter em mente que adotar as práticas que transformem nossa presença em determinado lugar o mais sustentável possível é a única saída para determos a degradação ambiental que estamos experimentando nos últimos anos e as graves alterações climáticas que vemos causar grandes desastres em diversas partes do planeta.
É necessário entender o que é sustentabilidade é muito mais conhecer seu significado bonito e orientado para empresas e organizações ligadas ao meio ambiente. É muito importante entender e saber que a adoção de práticas sustentáveis na vida de cada indivíduo é um fator decisivo para possibilitar a sobrevivência da raça humana e a continuidade da disponibilidade dos recursos naturais.
Ao atuarmos de forma irresponsável e queimarmos indiscriminadamente nossos recursos naturais, sem dar tempo ao planeta para se recuperar, estamos provocando a escassez de recursos necessários a nossa sobrevivência e dificultando a vida de milhões de pessoas. Um exemplo clássico disso é a falta de água potável que muitas comunidades vêm enfrentando em alguns países e que, se uma forma mais grave de escassez se manifestar, acabará causando guerras pela posse e conquista das fontes de água potável remanescentes.
Se todos entendessem a importância da adoção de práticas de sustentabilidade desde muito cedo; todas essas alterações climáticas poderiam ser evitadas ou retardadas ao máximo e os recursos naturais estariam disponíveis e fartos por muito mais tempo. O que daria tempo para a humanidade buscar formas mais eficientes para resolver esses problemas em longo prazo.
Ações aparentemente simples e de pouco impacto, quando tomadas por um grande número de pessoas, tornarão a sustentabilidade uma realidade palpável e real em qualquer parte onde haja a presença humana e garantirá a sobrevivência de nossa espécie por muito mais tempo.
Iniciar a formação de uma mentalidade sustentável e fornecer os conhecimentos necessários para isso deve se iniciar desde a mais tenra infância e assim que as crianças consigam compreender os conceitos existentes por trás deste tema importantíssimo. Isso permitirá que num futuro próximo, essas crianças se transformem em multiplicadores e, em um tempo mais distante, em adultos conscientes e competentes para buscar métodos e modelos de vida que garantam a sustentabilidade de suas casas e a sustentabilidade de suas cidades. Exercendo o seu poder de pressão e de decisão sobre as empresas e sobre toda a sociedade em que vivem.
Essa educação ambiental e os conceitos de sustentabilidade devidamente arraigados e cultivados nos corações e nas mentes das futuras gerações; proporcionarão o poder necessário as massas para que exerçam a capacidade de regular o mercado e garantir que os aproveitadores e espertalhões de plantão sejam severamente banidos; garantindo uma sobrevida apenas para as empresas que sigam os preceitos da sustentabilidade na fabricação de seus produtos ou no fornecimento de seus serviços, ou seja, uma empresa sustentável. Assim, o poder do indivíduo transbordará para toda a sociedade e ganhará força, cada vez maior, pressionando as corporações a cuidar melhor e proteger o meio ambiente em que se inserem.
Esta é, sem sombra de dúvidas, a característica mais essencial e mais positiva e que, evidentemente, mais garantirá a continuidade de uma boa condição de vida para as gerações futuras. Uma correta educação ambiental eliminará a idéia errônea e egoísta de que “estamos sós”. E provará, até para os mais céticos, que tudo está interligado e que cada ação, negativa ou positiva, tem seus reflexos no meio ambiente que nos cerca. Quando o ser humano entender isso e todas as sociedades voltar-se para a importância que representa levar uma vida mais sustentável; o mundo deixará de correr o grave risco que hoje corre de uma aniquilação pelo esgotamento de sua capacidade de manter nossas vidas no ritmo atual de exigências e de consumo que imprimimos, e quem sabe conseguiremos ter um planeta sustentável.
Desde que o homem está sobre a terra, nós estamos consumindo e destruindo o ambiente que nos cerca e nos provém a vida. No entanto, nos dias atuais, já somos capazes de criar um entendimento e perceber que esse comportamento acabará por exterminar nossa sociedade e nossa raça. Temos, portanto, o dever de prover as gerações que se apresentam e as futuras, os meios necessários para compreender os desafios e os problemas e contribuir de forma decisiva para a solução e para a busca de novos horizontes quando o assunto é sustentabilidade ambiental.

A globalização.

A globalização aparece como algo inevitável e benéfico, séculos depois que a Europa conheceu o mundo e lhe impôs uma administração que transita entre o oculto e o escancarado em suas tentativas de se consolidar. A globalização é o resultado do mundo regido sobre os postulados da modernidade. É criado um cenário onde os dominados se sentem independentes conforme tenham acesso aos mercados e os padrões de vida dos dominantes, onde tudo se torna consumível tanto em termos de bens quanto de conhecimento. Os dominantes ditam os padrões de comportamento pela chamada colonização cultural, fruto da comunicação em massa, uma ferramenta capitalista na concretização de suas imposições. É mais um mecanismo da ideologia dominante se tornar globalizada.

A escola projetada para os próximos anos deve ajudar na compreensão das realidades contemporâneas atuais e futuras. A escola regular, formal e pública é o núcleo da educação básica, como direito social garantido pelo Estado. Desse patamar, parte-se para outras formas de educação, a exemplo da ambiental, em um mundo que encurta pela comunicação ao tempo em que se integra em uma comunidade internacional em blocos de nações cada vez mais liberalizadas. Projeta-se, assim, uma educação em dimensão planetária para um mundo que se globaliza. Elegem-se alguns aspectos como se fossem janelas de amplos cenários: direitos humanos, cultura da paz, meio-ambiente equilibrado, desenvolvimento sustentável e compreensão internacional.
Nessa perspectiva planetária, admite-se que a escola não deveria estar presa às amarras, ideologias e indisposições do Estado-nação, embora se encontre em tal situação. A ilustração mais clara é o ensino da disciplina História nos seus relatos sobre vitórias e derrotas entre vizinhos, sejam franceses e germânicos, brasileiros e paraguaios. Daí é preciso considerar o currículo como um instrumento em busca da paz e da conquista de direito humanos, tanto do infante, criança, jovem, adolescente, adulto e idoso, como da mulher, cidadã prestante com acesso às carreiras e com garantido sucesso nas ocupações do mercado de trabalho. Em face da globalização, é necessário fazer crescer o sentimento distributivo da justiça social e de uma educação compensatória quando, por exemplo, a educação ambiental passe a ser exercitada formalmente na escola e fora da sala de aula. O ecoturismo ocupa-se das unidades de conservação, sejam os parques nacionais (PN), unidades de preservação ambiental (APA), estações ecológicas, lagos, rios cênicos, litorais. Essa educação relativa ao meio-ambiente induz o respeito aos animais, às árvores, às plantas, como nomeia a Bíblia, aos seres da natureza. Na perspectiva ambientalista, não existe “mato”, como conjunto de plantas desprezíveis ou “terreno inculto onde só medram plantas agrestes.”
A educação relativa ao meio-ambiente afetou a concepção do desenvolvimento, antes entendido como aumento das quantidades globais – renda, produto - e uso intensivo dos recursos naturais, prática que causou e continua provocando enormes desastres ecológicos, devastações, desmatamentos, extinções de espécies vegetais e animais. Ao contrário, a educação global, planetária e mundial enfatiza o desenvolvimento sustentado: crescer sem depredar é considerar a sustentabilidade do meio-ambiente. (BOAVENTURA, 1998a) Dimensionando a educação na perspectiva planetária, procura-se, preliminarmente, precisar a concepção da educação global; em seguida, questionar e justificar os seus propósitos; dimensionar as aberturas de aprendizagem; para, enfim, encarar a educação planetária em face do processo crescente e inevitável da globalização.




Concepção da educação global ou planetária como corrente de pensamento e ação, a educação na perspectiva planetária repousa em convicções e crenças fiéis a valores humanos.
Possibilita uma compreensão internacional do mundo atual e futuro, de seus problemas e desafios. Educação global, segundo os norte-americanos, ou educação planetária, como denominam os canadenses de expressão francesa, implica um exame preliminar do vocábulo. Gérard Lucas (informação verbal), professor da Universidade do Québec, em Montreal (UQAM), optou por Educação Planetária de preferência a Educação Global. Justifica a escolha em face de ser o vocábulo global derivado de globo, planeta terra, um conceito em francês ligado à idéia de totalidade, como em “método global” de leitura. Aliás, como é também, em português. A expressão inglesa Global Education, já bastante utilizada no Brasil, corresponde melhor à Éducation Planétaire, em francês. Além dessa ponderação de ordem etimológica, que ajuda a compreensão do vocábulo, o enfoque desenvolvido por Lucas compreende cinco volets (janelas): direitos humanos, paz, meio-ambiente, desenvolvimento sustentado e compreensão internacional (BOAVENTURA, 1996).
Precisando a concepção da palavra, o dicionário de Renald Legendre (1993, p. 448-449), define educação global: “Educação que tem por finalidade favorecer nas pessoas a compreensão das múltiplas dimensões do mundo atual e futuro e a participação eficaz nos desafios inerentes”.
Traduzindo-se livremente o verbete, complementa-se a definição: A educação global se apóia nos princípios do universalismo, da diversidade, adotando um enfoque sistêmico das realidades complexas, relações e interações, nas perspectivas históricas e planetárias. Caracteriza-se por visar uma melhor compreensão dos diferentes sistemas interligados: físicos, biológicos, sociais, econômicos, políticos e informáticos, dando uma atenção especial às diferentes culturas e civilizações. Propõe o desenvolvimento de habilidades ligadas à educação cívica e visa o reforço de uma real democracia tendo por fim desenvolver um agir responsável referente às realidades políticas, concernente ao domínio público. Em síntese, para um mundo global, onde vive uma comunidade global, deve-se desenvolver uma cidadania igualmente global envolvida de uma responsabilidade global. Para tanto, a educação global propugna pela adaptação dos currículos escolares às novas realidades contemporâneas (LEGENDRE, 1993, p. 448).

Conclusão

Já no presente, a inevitável crise ambiental assola a sociedade, já denominada de risco e, que requer a elaboração de novos modelos de ação para o desenvolvimento sustentável, incluindo a luta por justiça ambiental como extensão do movimento moderno pelos direitos civis. A produção de educação ocorre a partir da problematização de algumas questões que hoje se apresentam como características da modernidade e da crise na relação homem-natureza. O paradigma da modernidade levará ao colapso da natureza e, conseqüentemente, da própria humanidade, com seu estilo de vida profundamente arraigado nos modos de produção capitalista. Entretanto, ao passo que o paradigma da modernidade pode levar a este colapso, a própria natureza da sociedade de risco que lhe é pertinente aponta uma ambivalência, relacionada tanto a desastres quanto a oportunidades. Diante dessa evidência, buscou-se levantar alguns conceitos e reflexões que possibilitem uma melhor compreensão desta intrincada relação do ser humano consigo mesmo, com o outro e, especialmente, com o meio ambiente no qual está imerso. Busca-se a possibilidade de reencontrar uma relação equilibrada do ser humano com a natureza como caminho de preservação, do desenvolvimento sustentável e da justiça ambiental, isto em meio à sociedade tida como de risco.
A educação ambiental deve ter por objetivo a plena capacitação do indivíduo para compreender adequadamente as implicações ambientais do desenvolvimento socioeconômico no nível mundial, independente de fatores exclusivos, pois o custo do desenvolvimento está diretamente comprometido nas ações de sustentabilidade, conservação e preservação.

Ecossistemas e biodiversidade




A diversidade de ecossistemas é mais ambígua que as outras duas categorias na Convenção da Diversidade Biológica (CDB). Ecossistemas são essencialmente sistemas funcionais, caracterizados por sua dinâmica. Porém, usar a dinâmica com base para avaliar, inventariar ou monitorar a diversidade de ecossistemas, é pouco praticável, embora não impossível. De todo modo, em termos práticos, a diversidade de ecossistemas tem sido tratada como correlacionada com a diversidade de fisionomias de vegetação, de paisagem ou de biomas, mas isso não resolve por completo a questão.
O termo ‘biodiversidade’ foi cunhado a partir da expressão ‘diversidade biológica’, mas transcendeu o seu significado original. No começo da década de 1980, ‘diversidade biológica’ era sinônimo de riqueza de espécies; em 1982, o termo adquiriu o sentido de diversidade genética e riqueza de espécies e, por fim, em 1986, com a contração da expressão, expandiu-se para abrigar além da diversidade genética e da diversidade de espécies, a diversidade ecológica. Em 1986, no 1º Fórum Americano sobre diversidade biológica, organizado pelo Conselho Nacional de Pesquisa dos EUA (National Research Council, NRC), Wilson, substitui a expressão “Diversidade Biológica” por “Biodiversidade”, e sua publicação contribuiu para sua popularidade, sendo adotada com rapidez e sua presença no campo científico cresceu de forma quase contínua, além de ser incorporada por ambientalistas, líderes políticos e cidadãos no mundo todo.
Assim, é costume adotar-se a diversidade dentro de espécies, abrange toda a variação entre indivíduos de uma população, bem com entre populações espacialmente distintas da mesma espécie. Na prática, essa diversidade tem sido tratada como equivalente à diversidade genética, embora possa incluir diversidade morfológica, de comportamento, etc., sem ater-se estritamente à base genética de tais diferenças.  A diversidade entre espécies, por sua vez, corresponde ao que se chama de diversidade de espécies: a variedade de espécies existente em algum tipo de ambiente ou em uma região definida.

Biodiversidade, ecossistemas e suas definições
A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), popularmente conhecida como a Convenção da Biodiversidade, define o termo ‘diversidade biológica’, em seu segundo artigo, como a “variabilidade entre organismos vivos de todas as origens compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas.” Apesar das controvérsias em torno dessa definição, a CDB consolidou uma forma de ver a biodiversidade e contribuiu para introjetá-la na pauta política de seus mais de 180 países signatários.
No começo da década de 1990, vários pesquisadores foram entrevistados por David Takacs, que, entre outros resultados, compilou uma série de definições do termo “biodiversidade”.  Nessas definições é possível identificar, pelo menos, duas grandes correntes: a que aposta na diversidade de espécies e a que considera os processos biológicos, de alguma forma, como parte da biodiversidade. Seguem alguns exemplos: 
·                                 “A variedade de populações geneticamente distintas e espécies de plantas, animais e microorganismos com os quais o homem compartilha a terra e a variedade de ecossistemas dos quais eles são partes integrantes”. Paul Ehrlich, 1992.
·                                 “Biodiversidade é o número total de linhagens genéticas na terra”. Thomas Eisner, 1992.
·                                 “Biodiversidade é a soma das espécies da terra incluindo todas suas interações e variações com seu ambiente biótico e abiótico no espaço e no tempo”. Terry Erwin, 1991
·                                 “A dimensão da diferença nos múltiplos níveis de organização biológica, considerando todas as diferentes entidades e todos os diferentes processos”. Donald Falk, 1992.
·                                 “Total de genes, populações, espécies e o conjunto de interações que eles manifestam”. Daniel Janzen, 1992.
·                                 “Variação, variabilidade ou variedade de organismos vivos, o que inclui variação intraespecífica e os níveis de comunidades, ecossistemas e paisagens”. K.C. Kim, 1992.
·                                 “Diversidade de todos os níveis de organização”. Thomas Lovejoy, 1992
·                                 “A diversidade biótica total indicada como o número de espécies e a diversidade genética que abrangem”. S.J. McNaughton, 1992.
·                                 “Variedade da vida e seus processos”. Reed Noss, 1992.
·                                  “Diversidade de espécies que existem num determinado ecossistema”. David Pimentel, 1992.
·                                 “A soma total de plantas, animais, fungos e microorganismos no mundo, incluindo sua diversidade genética e o envolvimento de todos em comunidades e ecossistemas”. Peter Raven, 1992.
·                                 “É a vida em todas suas dimensões, riqueza e manifestações, não apenas no nível de indivíduos e espécies, mas também no nível de agregações, comunidades, etc.” Michael Soulé, 1992.
·                                 “Variedade da vida ao longo de todos os níveis de organização, desde diversidade gênica em populações, diversidade de espécies, que devem ser encaradas como a unidade pivotal de classificação, até diversidade de ecossistemas”. Edward O. Wilson, 1992.
Os sistemas biológicos não se resumem apenas na mera presença dos organismos, seu funcionamento depende dos tipos e das combinações entre os organismos presentes.
Por causa disso, há quem tenha proposto que a biodiversidade possui três componentes fundamentais através dos quais pode ser aferida: a composição, a estrutura e a função. A composição diz respeito a que elementos consistem a unidade biológica; a estrutura, como eles se organizam fisicamente, e a função versam sobre que processos ecológicos ou evolutivos mantêm ou são produzidos pela unidade biológica considerada.
Assim, a biodiversidade abarca os processos que geram e mantêm as espécies, a variabilidade genética, a diversidade de populações e comunidades, a multiplicidade de ecossistemas e paisagens, bem como todas suas relações com o meio físico e entre si.
Além do número de espécies, outros aspectos da biodiversidade podem ser representados pelo número de níveis tróficos presentes, o número de guildas, a variedade de ciclos de vida e a diversidade de recursos biológicos, devendo ser considerados quando se busca uma caracterização ecológica e ambiental. Algumas espécies podem desempenhar um papel importante para a riqueza total de espécies, tais como árvores, polinizadores, simbiontes mutualistas, patógenos reguladores da população e agentes de controle biológico com efeitos sobre a biodiversidade local.
Assim, mostra-se sensato o argumento de cientistas e pesquisadores de que a conservação de genes, espécies e comunidades não é suficiente para manter todos os fenômenos biológicos desejados, pois alguns resultam, por exemplo, das interações únicas entre determinados componentes dos sistemas.

O termo biodiversidade é derivado da expressão diversidade biológico e consistem no total de genes, espécies e ecossistemas de uma determinada região. O conceito envolve, portanto, três diferentes categorias complementares de biodiversidade: genética, de espécies e de ecossistemas. A biodiversidade abrange ainda a variabilidade existente dentro de uma dessas categorias.
A diversidade genética refere-se à variação de genes dentro de uma mesma espécie. Como as diferentes características de cada indivíduo são determinadas por genes específicos, podemos encontrar dentro de cada espécie diferentes níveis de diversidade genética. Muitas vezes, os geneticistas buscam nas espécies silvestres determinados genes que podem emprestar importantes características em culturas comerciais, como, por exemplo, o ângulo de inserção de folhas de uma planta ou a sua resistência a uma determinada praga. Quando o número de indivíduos de uma mesma espécie é muito pequeno, verifica-se a degeneração desse grupo, pela redução da diversidade genética, podendo provocar a sua extinção.
Entende-se por diversidade de espécies o número de diferentes espécies encontradas numa região. Embora o número de espécies seja freqüentemente usado como critério de riqueza de biodiversidade, uma medida mais precisa é a diversidade taxonômica.  Por exemplo, um ecossistema com três espécies de insetos é menos diversificado que outro que possua apenas  uma espécie de inseto, outra de ave e uma terceira de mamífero. O número de espécies no ambiente terrestre é muito maior do que no ambiente marinho, contudo, como as espécies terrestres são mais próximas geneticamente entre si do que as marinhas podem afirmar que a biodiversidade no mar é maior.
Os ecossistemas tropicais são os mais ricos do mundo, pois apesar de cobrirem apenas 7% da superfície terrestre possuem de 50 a 90% do número de espécies de animais, plantas e microorganismos do planeta. Estudos dos padrões ecológicos e geográficos de distribuição da biodiversidade demonstram que, em geral, a riqueza biológica é maior em pequenas latitudes e altitudes, razão pela quais países tropicais têm, geralmente, uma grande biodiversidade. O Brasil, em função de sua localização, de suas dimensões e de seu imenso litoral, é o país que detém a maior biodiversidade do mundo. Estimativas científicas sobre o número de espécies existentes na Terra ainda são desencontradas, pois variam de 2 a 100 milhões. Cálculos sobre a biodiversidade global feitos por E. O. Wilson, da Universidade de Harvard, indicavam, em 1987, a existência de mais de 5 milhões de espécies de seres vivos. Estima-se, entretanto, que o número mais próximo da realidade seja o de aproximadamente 10 milhões de espécies, das quais apenas em torno de 1,5 milhões foi devidamente classificada e descrita cientificamente.
A biodiversidade de ecossistemas envolve sistemas em equilíbrio dinâmico formados pelo meio biótico e por componentes abióticos. Com o desenvolvimento desse processo, não somente as espécies se adaptam, mas também o próprio meio adquire características bastante particulares que os diferencia dos demais. Podemos considerar, portanto, que o ecossistema é uma entidade viva, capaz de apresentar, no seu conjunto, as condições de vida das diversas espécies que o compõem.

O Brasil, com área de 8,5 milhões de km², ocupa quase a metade da América do Sul. Apresenta várias regiões com diferenças climáticas e ecológicas, as quais originam ecossistemas distintos, com características próprias, denominados biomas, entre os quais se destacam a maior floresta tropical úmida do planeta (Floresta Amazônica), a maior planície inundável do mundo (Pantanal), savanas, bosques, florestas semi-áridas, Mata Atlântica e ainda uma costa marinha com 3,5 milhões de km² que abriga ecossistemas sensíveis, como manguezais, recifes de coral, estuários, pântanos e dunas.
Das diversas espécies de plantas importantes economicamente no mundo, destacam-se algumas originárias do Brasil, como castanha-do-pará, amendoim, caju, carnaúba, mandioca e abacaxi. A agricultura brasileira também se utiliza de plantas exóticas, procedimento que aumenta o potencial econômico e incrementa os números da biodiversidade. A cana-de-açúcar, por exemplo, é proveniente da Nova Guiné; a soja e a laranja, da China; o café, da Etiópia; o arroz, das Filipinas; o cacau, do México; e o trigo, da Ásia. A silvicultura nacional depende dos eucaliptos da Austrália e dos pinheiros da América Central. Na pecuária, os bovinos são provenientes da Índia,  os eqüinos, da Ásia Central e os capins, da África. A piscicultura utiliza carpas da China, tilápias da África Central, e a apicultura está baseada em abelhas-europa, provenientes da Europa e África.
As florestas brasileiras representam uma importante fonte de riqueza, tanto de forma direta, com o fornecimento de matéria-prima para os setores siderúrgicos, papeleiro e madeireiro, quanto indireta, pelas influências ambientais positivas que exerce na manutenção da biodiversidade, no equilíbrio dos gases atmosféricos, no ciclo hidrológico e no controle da erosão.

Conclusão

Os serviços ecossistêmicos associados à biodiversidade são fundamentais para a garantia de um desenvolvimento sustentável e mesmo uma importante ferramenta na construção de políticas públicas que visem à redução da pobreza e auxilio mútuo na preservação das espécies e conservação do meio ambiente. 


Professor Ricardo Hisamoto - Biólogo.
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