terça-feira, 14 de março de 2017

O ciclo de vida dos parasitos causadores de patologias



Todo ser vivo possui um ciclo de vida, onde nasce, cresce se multiplica e morre. 

O parasito não é diferente. Seu ciclo de vida, também chamado de ciclo evolutivo, compreende um conjunto de transformações que se sucede em um único hospedeiro ou em vários, com ou sem passagem pelo meio exterior e que permitem ao parasito atingir a forma adulta da geração seguinte. 

Por tanto, são determinados dois principais tipos de ciclo de vida parasitária: ciclo mono xênico, onde apenas um hospedeiro está envolvido; e ciclo heteroxênico, quando dois ou mais hospedeiros estão envolvidos.


Diferentes tipos de hospedeiros


- Hospedeiro Definitivo: aquele que possui a forma adulta do parasito, ou seja, a forma sexuada.

- Hospedeiro Intermediário: aquele que permite o desenvolvimento de formas larvares, ou formas assexuadas do parasito.

- Reservatório natural: ser vivo (ser humano, outro animal ou vegetal) ou substrato (como o solo) em que um parasito pode viver e se reproduzir, e a partir de onde pode ser veiculado para um hospedeiro. Não sofre com o parasitismo.

- Vetor: Todo inseto que carrega ou transporta o agente etiológico. Ele pode ser mecânico, no qual não ocorre a multiplicação do parasito; ou biológico, onde ocorre a multiplicação ou a realização de parte do ciclo evolutivo do parasito.


Penetração no hospedeiro e transferência do parasito


A entrada do parasito no organismo do hospedeiro pode ser ativa ou passiva. Quando a forma infectante do parasito tem capacidade própria de vencer as barreiras do organismo e penetrar no corpo do hospedeiro, dizemos que tem penetração ativa. Porém, quando o parasita adentra o hospedeiro pelo do intermédio de vetores, ou através da ingestão de formas infectantes (como ovos ou cistos) presentes na água ou em alimentos, ocorre então, a penetração passiva.

  
Uma importante etapa na vida de um parasito é sua transferência para outro
hospedeiro, onde continua seu ciclo evolutivo. A saída do parasito ou de suas formas reprodutivas como larvas ou ovos, pode acontecer por meio das seguintes vias:


- Fezes: a eliminação de formas infectantes pelas fezes ocorre nas parasitoses
intestinais ou em algumas parasitoses do fígado.

- Pele: em relação aos parasitos do sangue ou de tecidos, a principal forma de saída, de um hospedeiro, é pelo sangue retirado por insetos hematófagos, em que podem permanecer e reproduzir-se. Posteriormente, os insetos podem transferir esses parasitos para outro hospedeiro.

- Tecidos: certos parasitos permanecem nos tecidos musculares de animais. Quando esses animais servem de alimento para outros, há a transferência desses parasitos.


Porém, a sobrevivência e a permanência de um parasito em seu hospedeiro sempre dependerão da relação entre a patogenia do parasito e a resistência do hospedeiro. Além disso, existe um conjunto de medidas que visam interromper a transmissão das parasitoses, denominadas medidas profiláticas ou profilaxia.


Algumas delas são:


- Diagnóstico clínico, epidemiológico e laboratorial.

- Desinfecção e esterilização dos materiais

- Uso de soros e vacinas devidamente testados

- Proteção de alimentos e água




Amebíase


A amebíase é uma infecção do intestino grosso causada pela Entamoeba histolytica, um parasita unicelular.

Ciclo de vida


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Quando a infecção se inicia, os trofozoítos podem causar diarreia, o que faz com que saiam do corpo.
                      

1º - A transmissão direta ocorre através do contato com fezes infectadas, alimentos contaminados devida à manipulação com falta de higiene.
2º - A transmissão indireta dos quistos é mais freqüente nas zonas com más condições sanitárias, como os campos de trabalho não permanentes.
3º - As frutas e verduras podem contaminar-se quando crescem em terra fertilizada com adubo humano, são lavadas com água contaminada ou são preparadas por alguém que está infectado, reiniciando o ciclo.


Doença de Chagas



Trata-se de uma infecção generalizada essencialmente crônica, cujo agente etiológico é o protozoário flagelado Trypanosoma cruzi, habitualmente transmitido ao homem pelas fezes do inseto hematófago conhecido popularmente como "bicho-barbeiro". A transmissão pode ser feita também pela transfusão sangüínea, placenta e pelo aleitamento materno.



Ciclo de vida


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1º - O inseto “barbeiro” pica e defeca na ferida, o tripomastigota passa das fezes à ferida.

2º - Os tripomastigota invadem as células onde se transformam em amastigotas.

3º - Os tripomastigota invadem então novas células em regiões diferentes do corpo e transformadas as  amastigotas multiplicam nas células assexualmente.


4º -  As amastigotas mutam-se para tripomastigota e destroem a célula saindo para o sangue.

5º - tripanomastigotas sanguíneos são absorvidos por novo inseto barbeiro picando indivíduo já infectado.

6º -  No intestino do inseto barbeiro, transformam-se em epimastigotas.

7º -  Multiplicam-se e transformam-se em tripomastigota.

8º - E assim o ciclo continua com o inseto picando e infectando um indivíduo...



Leishmaniose



A leishmaniose é uma doença não contagiosa causada por parasitos (protozoário Leishmania) que invadem e se reproduzem dentro das células que fazem parte do sistema imunológico (macrófagos) da pessoa infectada.



Ciclo de vida



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1º - As leishmânias são transmitidas para os humanos a partir da picada de dípteros (mosquitos) que se contaminam de outros humanos infectados ou a partir de vertebrados não humanos como os canídeos (lobos, coiotes, cães), que funcionam como o hospedeiro dos parasitos.



2º - O mosquito pertence ao gênero Lutzomvia nas Américas e Phlebotomus no restante do mundo, durante o repasto sangüíneo, a fêmea do mosquito ingere macrófagos parasitados por leishmânias que no intestino do inseto, seguem o ciclo necessário para seu desenvolvimento.


3º - Posteriormente, ocorre a contaminação de seres humanos e animais pela picada do mosquito infectado, gerando assim seu ciclo de vida.





Giardíase



A Giárdia é um protozoário flagelado binucleado, presente no trato intestinal dos humanos e de vários animais mamíferos no mundo inteiro. Estudos em cães revelam uma prevalência de 10% a 20% em animais bem tratados. As maiores prevalências são encontradas nos animais jovens, principalmente até um ano de idade, encontrando-se de 26% a 50% de animais parasitados; e em canis, onde o parasito pode ser encontrado em até 100% dos animais. Por outro lado, em gatos a prevalência é menor, variando entre 1,4% a 11%. Apesar da alta prevalência, nem todos os animais apresentam a doença clínica. Mesmo assim, a Giárdia tem importância epidemiológica por causar uma doença séria (quando presente), além de possuir um elevado potencial zoonótico.



Ciclo de vida






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1º - A contaminação do hospedeiro ocorre por ingestão de alimentos, água e fômites contaminados com cistos viáveis do parasito;


2º - Ao atingirem o estômago e o duodeno, os cistos são rompidos pela ação das enzimas gástricas e pancreáticas. Cada cisto libera dois trofozoítos que irão colonizar o Intestino Delgado do hospedeiro. Sob condições apropriadas estes trofozoítos são novamente transformados em cistos.


3º - Cada um destes novos cistos poderá romper-se no próprio hospedeiro liberando dois novos trofozoítos, ou então ser eliminado nas fezes, após um período de pré-patência de 1 a 2 semanas. Uma vez no meio ambiente, os cistos podem ser novamente ingeridos pelo hospedeiro, completando o ciclo.



Toxoplasmose



A toxoplasmose é uma protozoonose causada por protozoário, Toxoplasma gondii, que acomete inúmeros vertebrados, inclusive o homem. É uma infecção muito difundida no Brasil e no mundo, porém a prevalência e incidência, em diferentes regiões, sofrem forte influência das características locais, como fatores ambientais, alimentares, culturais, idade, entre outros.
Em pacientes imunocompetentes, a infecção é geralmente assintomática e auto-limitada, quando sintomática apresenta-se com sinais e sintomas inespecíficos, durando de semanas a meses. A sintomatologia mais freqüente é linfoadenopatia (especialmente cervical), febre, mal estar, sudorese noturna, mialgias, hepatoesplenomegalia. 
Em paciente imunocomprometido (transplantados, portadores de infecções virais e neoplasias) podem ocorrer complicações mais sérias, como o quadro de neurotoxoplasmose, e levar a morte.



Ciclo de Vida






1º - Os hospedeiros definitivos, os felídeos, se contaminam caçando animais infectados (ratos, outros roedores e aves infectados com o Toxoplasma gondii). No epitélio intestinal dos felídeos são formados os oocistos imaturos, que ao serem eliminados com as fezes, contaminam o ambiente e, depois de alguns dias, se tornam infectantes. Em locais de clima favorável estes oocistos podem ficar viáveis, e infectar novos animais, por mais de um ano.

                                                            
2º - disseminação dos oocistos, na água e no solo, pode ocasionar uma alta taxa de prevalência da infecção em animais herbívoros. Com a contaminação do solo e da água as pessoas e os animais podem se infectar de diversas formas, ao ingerir acidentalmente o oocisto, principalmente as crianças que brincam com a terra e os trabalhadores rurais.

3º - Os animais ao serem infectados passam a ser fonte de contaminação, apenas, para as pessoas que têm hábito de ingerirem carne crua ou mal cozida e para animais que caçam.
          


Malária



A malária é causada por protozoários do gênero Plasmódio e cada uma de suas espécies determina aspectos clínicos diferentes para a enfermidade. No caso brasileiro, destacam-se três espécies do parasito: o P. falciparum, o P. vivax e o P. malarie. O protozoário é transmitido ao homem pelo sangue, geralmente por mosquitos do gênero Anopheles ou, mais raramente, por outro tipo de meio que coloque o sangue de uma pessoa infectada em contato com o de outra sadia, como o compartilhamento de seringas (consumidores de drogas), transfusão de sangue ou até mesmo de mãe para feto, na gravidez. Apesar de a malária poder infectar animais como aves e répteis, o tipo humano não ocorre em outras espécies (mesmo ainda sem comprovação, há a suspeita de que certos tipos de malária possam ser transmitidos, sempre via mosquito, de macacos para humanos).



Ciclo de vida







O ciclo da malária humana é homem-anofelino-homem. Geralmente é a fêmea que ataca porque precisa de sangue para garantir o amadurecimento e a postura dos ovos. Depois de picar um indivíduo infectado, o parasito desenvolve parte de seu ciclo no mosquito e, quando alcança as glândulas salivares do inseto, está pronto para ser transmitido para outra pessoa.
                                             

Os parasitos são transportados pela corrente sanguínea até o fígado.


Um mosquito não infectado pica indivíduo infectado e começa um novo ciclo.



Teníase/Cisticercose



São duas doenças distintas com sintomas e epidemiologia totalmente diferentes,
apesar de serem causadas pela mesma espécie de cestódeo (parasita).
A teníase é causada pela Taenia solium e/ou pela Taenia saginata, também conhecida como “solitária”. Já a cisticercose é causada pelas larvas dessas espécies de parasitas.
O homem é o hospedeiro definitivo e consequentemente a principal fonte de infecção deste parasito, sendo responsável pela transmissão aos animais e a si próprio.


Teníase – é adquirida através do consumo de carne crua ou insuficientemente cozida contendo os cisticercos (larvas).


Cisticercose – através do consumo de alimentos contaminados com os ovos da tênia, frutas, verduras, hortaliças que não são higienizados corretamente, através do consumo de água contaminada, ou ainda, no homem com teníase pode haver a auto-infestação já que os ovos podem ser encontrados nas mãos do hospedeiro, na região perianal (ânus) e perineal, nas roupas e até mesmo na mobília da residência.


Ciclo de Vida 


Teníase/Cisticercose

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Teníase – a teníase é adquirida pelo homem quando ele ingere carne com o cisticerco (larva) e este evolui para a forma adulta no intestino delgado. O verme adulto se fixa e começa a expelir os ovos e proglótides, que são excretados nas fezes humanas e podem contaminar o solo, a água e os alimentos.


Ciclo de Vida 


Teníase


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Cisticercose – Ao ingerir ovos viáveis da tênia, estes chegam ao estômago e liberam o embrião que atravessa a mucosa gástrica, vai para a corrente sanguínea e se distribui pelo corpo, pode alcançar diversos tecidos (músculos, coração, olhos e cérebro) aonde irá se desenvolver o cisticerco (larva). Ao atingir o cérebro causam a Neurocisticercose, que é a forma mais grave da infecção.


Ciclo de Vida 


Cisticercose


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Vegetais ou animais que estiverem em contato com água ou solo contaminado por excretas humanas infectadas darão continuidade ao ciclo de vida dos parasitos.



 Esquistossomose



Popularmente conhecida como Barriga d'água, a Esquistossomose é uma das piores doenças transmitidas por vermes, típica em países pobres, devido à falta de higiene e saneamento básico.



Ciclo de Vida

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Enfermidade causada pelo protozoário Schistosoma

A transmissão se faz através do contato com água  contendo larvas do parasita, resultante de fezes humanas ali depositadas por pessoas infectadas, devido ao descarte de dejetos sanitários sem sistema de saneamento básico
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Os principais sintomas são: diarréia, febres, cólicas, dores de cabeça, náuseas, tonturas, sonolência, emagrecimento, endurecimento e o aumento de volume do fígado e hemorragias que causam vômitos e fezes escurecidas.



Para saber mais, bibliografia e crédito de imagens:
















http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_infecciosas_parasitaria_guia_bolso.pdf




Professor Ricardo Hisamoto - Biólogo.

Um comentário:

  1. Comecei a estudar esta disciplina nesta semana e achei o seu material, que de forma clara e resumida, me ajudou bastante. Gratidão forever!

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