terça-feira, 14 de março de 2017

O ciclo de vida dos parasitos causadores de patologias



Todo ser vivo possui um ciclo de vida, onde nasce, cresce se multiplica e morre. 

O parasito não é diferente. Seu ciclo de vida, também chamado de ciclo evolutivo, compreende um conjunto de transformações que se sucede em um único hospedeiro ou em vários, com ou sem passagem pelo meio exterior e que permitem ao parasito atingir a forma adulta da geração seguinte. 

Por tanto, são determinados dois principais tipos de ciclo de vida parasitária: ciclo mono xênico, onde apenas um hospedeiro está envolvido; e ciclo heteroxênico, quando dois ou mais hospedeiros estão envolvidos.


Diferentes tipos de hospedeiros


- Hospedeiro Definitivo: aquele que possui a forma adulta do parasito, ou seja, a forma sexuada.

- Hospedeiro Intermediário: aquele que permite o desenvolvimento de formas larvares, ou formas assexuadas do parasito.

- Reservatório natural: ser vivo (ser humano, outro animal ou vegetal) ou substrato (como o solo) em que um parasito pode viver e se reproduzir, e a partir de onde pode ser veiculado para um hospedeiro. Não sofre com o parasitismo.

- Vetor: Todo inseto que carrega ou transporta o agente etiológico. Ele pode ser mecânico, no qual não ocorre a multiplicação do parasito; ou biológico, onde ocorre a multiplicação ou a realização de parte do ciclo evolutivo do parasito.


Penetração no hospedeiro e transferência do parasito


A entrada do parasito no organismo do hospedeiro pode ser ativa ou passiva. Quando a forma infectante do parasito tem capacidade própria de vencer as barreiras do organismo e penetrar no corpo do hospedeiro, dizemos que tem penetração ativa. Porém, quando o parasita adentra o hospedeiro pelo do intermédio de vetores, ou através da ingestão de formas infectantes (como ovos ou cistos) presentes na água ou em alimentos, ocorre então, a penetração passiva.

  
Uma importante etapa na vida de um parasito é sua transferência para outro
hospedeiro, onde continua seu ciclo evolutivo. A saída do parasito ou de suas formas reprodutivas como larvas ou ovos, pode acontecer por meio das seguintes vias:


- Fezes: a eliminação de formas infectantes pelas fezes ocorre nas parasitoses
intestinais ou em algumas parasitoses do fígado.

- Pele: em relação aos parasitos do sangue ou de tecidos, a principal forma de saída, de um hospedeiro, é pelo sangue retirado por insetos hematófagos, em que podem permanecer e reproduzir-se. Posteriormente, os insetos podem transferir esses parasitos para outro hospedeiro.

- Tecidos: certos parasitos permanecem nos tecidos musculares de animais. Quando esses animais servem de alimento para outros, há a transferência desses parasitos.


Porém, a sobrevivência e a permanência de um parasito em seu hospedeiro sempre dependerão da relação entre a patogenia do parasito e a resistência do hospedeiro. Além disso, existe um conjunto de medidas que visam interromper a transmissão das parasitoses, denominadas medidas profiláticas ou profilaxia.


Algumas delas são:


- Diagnóstico clínico, epidemiológico e laboratorial.

- Desinfecção e esterilização dos materiais

- Uso de soros e vacinas devidamente testados

- Proteção de alimentos e água




Amebíase


A amebíase é uma infecção do intestino grosso causada pela Entamoeba histolytica, um parasita unicelular.

Ciclo de vida


Resultado de imagem para ciclo da amebiase



Quando a infecção se inicia, os trofozoítos podem causar diarreia, o que faz com que saiam do corpo.
                      

1º - A transmissão direta ocorre através do contato com fezes infectadas, alimentos contaminados devida à manipulação com falta de higiene.
2º - A transmissão indireta dos quistos é mais freqüente nas zonas com más condições sanitárias, como os campos de trabalho não permanentes.
3º - As frutas e verduras podem contaminar-se quando crescem em terra fertilizada com adubo humano, são lavadas com água contaminada ou são preparadas por alguém que está infectado, reiniciando o ciclo.


Doença de Chagas



Trata-se de uma infecção generalizada essencialmente crônica, cujo agente etiológico é o protozoário flagelado Trypanosoma cruzi, habitualmente transmitido ao homem pelas fezes do inseto hematófago conhecido popularmente como "bicho-barbeiro". A transmissão pode ser feita também pela transfusão sangüínea, placenta e pelo aleitamento materno.



Ciclo de vida


Resultado de imagem para doença de chagas



1º - O inseto “barbeiro” pica e defeca na ferida, o tripomastigota passa das fezes à ferida.

2º - Os tripomastigota invadem as células onde se transformam em amastigotas.

3º - Os tripomastigota invadem então novas células em regiões diferentes do corpo e transformadas as  amastigotas multiplicam nas células assexualmente.


4º -  As amastigotas mutam-se para tripomastigota e destroem a célula saindo para o sangue.

5º - tripanomastigotas sanguíneos são absorvidos por novo inseto barbeiro picando indivíduo já infectado.

6º -  No intestino do inseto barbeiro, transformam-se em epimastigotas.

7º -  Multiplicam-se e transformam-se em tripomastigota.

8º - E assim o ciclo continua com o inseto picando e infectando um indivíduo...



Leishmaniose



A leishmaniose é uma doença não contagiosa causada por parasitos (protozoário Leishmania) que invadem e se reproduzem dentro das células que fazem parte do sistema imunológico (macrófagos) da pessoa infectada.



Ciclo de vida



Resultado de imagem para Leishmaniose



1º - As leishmânias são transmitidas para os humanos a partir da picada de dípteros (mosquitos) que se contaminam de outros humanos infectados ou a partir de vertebrados não humanos como os canídeos (lobos, coiotes, cães), que funcionam como o hospedeiro dos parasitos.



2º - O mosquito pertence ao gênero Lutzomvia nas Américas e Phlebotomus no restante do mundo, durante o repasto sangüíneo, a fêmea do mosquito ingere macrófagos parasitados por leishmânias que no intestino do inseto, seguem o ciclo necessário para seu desenvolvimento.


3º - Posteriormente, ocorre a contaminação de seres humanos e animais pela picada do mosquito infectado, gerando assim seu ciclo de vida.





Giardíase



A Giárdia é um protozoário flagelado binucleado, presente no trato intestinal dos humanos e de vários animais mamíferos no mundo inteiro. Estudos em cães revelam uma prevalência de 10% a 20% em animais bem tratados. As maiores prevalências são encontradas nos animais jovens, principalmente até um ano de idade, encontrando-se de 26% a 50% de animais parasitados; e em canis, onde o parasito pode ser encontrado em até 100% dos animais. Por outro lado, em gatos a prevalência é menor, variando entre 1,4% a 11%. Apesar da alta prevalência, nem todos os animais apresentam a doença clínica. Mesmo assim, a Giárdia tem importância epidemiológica por causar uma doença séria (quando presente), além de possuir um elevado potencial zoonótico.



Ciclo de vida






Resultado de imagem para ciclo da giardíase




1º - A contaminação do hospedeiro ocorre por ingestão de alimentos, água e fômites contaminados com cistos viáveis do parasito;


2º - Ao atingirem o estômago e o duodeno, os cistos são rompidos pela ação das enzimas gástricas e pancreáticas. Cada cisto libera dois trofozoítos que irão colonizar o Intestino Delgado do hospedeiro. Sob condições apropriadas estes trofozoítos são novamente transformados em cistos.


3º - Cada um destes novos cistos poderá romper-se no próprio hospedeiro liberando dois novos trofozoítos, ou então ser eliminado nas fezes, após um período de pré-patência de 1 a 2 semanas. Uma vez no meio ambiente, os cistos podem ser novamente ingeridos pelo hospedeiro, completando o ciclo.



Toxoplasmose



A toxoplasmose é uma protozoonose causada por protozoário, Toxoplasma gondii, que acomete inúmeros vertebrados, inclusive o homem. É uma infecção muito difundida no Brasil e no mundo, porém a prevalência e incidência, em diferentes regiões, sofrem forte influência das características locais, como fatores ambientais, alimentares, culturais, idade, entre outros.
Em pacientes imunocompetentes, a infecção é geralmente assintomática e auto-limitada, quando sintomática apresenta-se com sinais e sintomas inespecíficos, durando de semanas a meses. A sintomatologia mais freqüente é linfoadenopatia (especialmente cervical), febre, mal estar, sudorese noturna, mialgias, hepatoesplenomegalia. 
Em paciente imunocomprometido (transplantados, portadores de infecções virais e neoplasias) podem ocorrer complicações mais sérias, como o quadro de neurotoxoplasmose, e levar a morte.



Ciclo de Vida






1º - Os hospedeiros definitivos, os felídeos, se contaminam caçando animais infectados (ratos, outros roedores e aves infectados com o Toxoplasma gondii). No epitélio intestinal dos felídeos são formados os oocistos imaturos, que ao serem eliminados com as fezes, contaminam o ambiente e, depois de alguns dias, se tornam infectantes. Em locais de clima favorável estes oocistos podem ficar viáveis, e infectar novos animais, por mais de um ano.

                                                            
2º - disseminação dos oocistos, na água e no solo, pode ocasionar uma alta taxa de prevalência da infecção em animais herbívoros. Com a contaminação do solo e da água as pessoas e os animais podem se infectar de diversas formas, ao ingerir acidentalmente o oocisto, principalmente as crianças que brincam com a terra e os trabalhadores rurais.

3º - Os animais ao serem infectados passam a ser fonte de contaminação, apenas, para as pessoas que têm hábito de ingerirem carne crua ou mal cozida e para animais que caçam.
          


Malária



A malária é causada por protozoários do gênero Plasmódio e cada uma de suas espécies determina aspectos clínicos diferentes para a enfermidade. No caso brasileiro, destacam-se três espécies do parasito: o P. falciparum, o P. vivax e o P. malarie. O protozoário é transmitido ao homem pelo sangue, geralmente por mosquitos do gênero Anopheles ou, mais raramente, por outro tipo de meio que coloque o sangue de uma pessoa infectada em contato com o de outra sadia, como o compartilhamento de seringas (consumidores de drogas), transfusão de sangue ou até mesmo de mãe para feto, na gravidez. Apesar de a malária poder infectar animais como aves e répteis, o tipo humano não ocorre em outras espécies (mesmo ainda sem comprovação, há a suspeita de que certos tipos de malária possam ser transmitidos, sempre via mosquito, de macacos para humanos).



Ciclo de vida







O ciclo da malária humana é homem-anofelino-homem. Geralmente é a fêmea que ataca porque precisa de sangue para garantir o amadurecimento e a postura dos ovos. Depois de picar um indivíduo infectado, o parasito desenvolve parte de seu ciclo no mosquito e, quando alcança as glândulas salivares do inseto, está pronto para ser transmitido para outra pessoa.
                                             

Os parasitos são transportados pela corrente sanguínea até o fígado.


Um mosquito não infectado pica indivíduo infectado e começa um novo ciclo.



Teníase/Cisticercose



São duas doenças distintas com sintomas e epidemiologia totalmente diferentes,
apesar de serem causadas pela mesma espécie de cestódeo (parasita).
A teníase é causada pela Taenia solium e/ou pela Taenia saginata, também conhecida como “solitária”. Já a cisticercose é causada pelas larvas dessas espécies de parasitas.
O homem é o hospedeiro definitivo e consequentemente a principal fonte de infecção deste parasito, sendo responsável pela transmissão aos animais e a si próprio.


Teníase – é adquirida através do consumo de carne crua ou insuficientemente cozida contendo os cisticercos (larvas).


Cisticercose – através do consumo de alimentos contaminados com os ovos da tênia, frutas, verduras, hortaliças que não são higienizados corretamente, através do consumo de água contaminada, ou ainda, no homem com teníase pode haver a auto-infestação já que os ovos podem ser encontrados nas mãos do hospedeiro, na região perianal (ânus) e perineal, nas roupas e até mesmo na mobília da residência.


Ciclo de Vida 


Teníase/Cisticercose

Resultado de imagem para ciclo Teníase/Cisticercose



Teníase – a teníase é adquirida pelo homem quando ele ingere carne com o cisticerco (larva) e este evolui para a forma adulta no intestino delgado. O verme adulto se fixa e começa a expelir os ovos e proglótides, que são excretados nas fezes humanas e podem contaminar o solo, a água e os alimentos.


Ciclo de Vida 


Teníase


Resultado de imagem para ciclo  teníase
                                   


Cisticercose – Ao ingerir ovos viáveis da tênia, estes chegam ao estômago e liberam o embrião que atravessa a mucosa gástrica, vai para a corrente sanguínea e se distribui pelo corpo, pode alcançar diversos tecidos (músculos, coração, olhos e cérebro) aonde irá se desenvolver o cisticerco (larva). Ao atingir o cérebro causam a Neurocisticercose, que é a forma mais grave da infecção.


Ciclo de Vida 


Cisticercose


Resultado de imagem para ciclo  Cisticercose


Vegetais ou animais que estiverem em contato com água ou solo contaminado por excretas humanas infectadas darão continuidade ao ciclo de vida dos parasitos.



 Esquistossomose



Popularmente conhecida como Barriga d'água, a Esquistossomose é uma das piores doenças transmitidas por vermes, típica em países pobres, devido à falta de higiene e saneamento básico.



Ciclo de Vida

Resultado de imagem para ciclo esquistossomose




Enfermidade causada pelo protozoário Schistosoma

A transmissão se faz através do contato com água  contendo larvas do parasita, resultante de fezes humanas ali depositadas por pessoas infectadas, devido ao descarte de dejetos sanitários sem sistema de saneamento básico
.
Os principais sintomas são: diarréia, febres, cólicas, dores de cabeça, náuseas, tonturas, sonolência, emagrecimento, endurecimento e o aumento de volume do fígado e hemorragias que causam vômitos e fezes escurecidas.



Para saber mais, bibliografia e crédito de imagens:
















http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_infecciosas_parasitaria_guia_bolso.pdf




Professor Ricardo Hisamoto - Biólogo.

sexta-feira, 10 de março de 2017

A "Aranha-de-jardim" , pode ser mais útil do que você imagina...


Na imagem abaixo temos uma jovem  "Aranha-de-jardim" (Lycosa erythrognatha), também conhecida como Aranha-da-grama, Aranha-lobo e Tarântula.


Assim como outras espécies, se deliberadamente ameaçada, pode ocorrer  acidentes com humanos, sua picada  causa  uma dor localizada, não é necessário uso de "Soro Antiloxoscélico' , nem de tratamento prolongado. 


Essa espécie é importante no controle de pragas, podendo chegar até 6 cm,  ela é uma ótima caçadora de baratas, escorpiões e até pequenos roedores, é muito comum nos jardins, daí seu nome popular.



Desenho característico, formato de "seta" na parte superior de seu abdome 

 Nenhum texto alternativo automático disponível.
Imagem Fernando Jack


Muitas são mortas por mera ignorância ou tratadas como "praga" por empresas dedetizadoras, e isso acaba de uma certa forma, desequilibrando o ecossistema¹.


Se  encontrar alguma em sua residência, em caso de menor de idade,   chame um adulto, para removê-la,  peça para algum adulto, a forma mais simples e segura, é utilizar um copo de boca larga e passar uma folha de papel por baixo no chão ou parede e virar o copo para baixo, tampando a boca com o papel, depois solta-la em alguma área verde. 


Nas áreas urbanas, pássaros e lagartixas são os principais predadores de aranhas.


Por dois anos  estudei o comportamento e hábitos alimentares de um espécime  de   "Aranha-de-jardim"  que uma colega Bióloga havia resgatado e deixado aos meus cuidados, essa experiência resultou na minha simpatia pela espécie e concluí que sua importante função na natureza não é devidamente creditada na literatura popular ou até mesmo em determinados sites / blogs na Internet  sobre a Aranha-de-jardim, o que muitas vezes deprecia a espécie e a transforma em praga-urbana²


Em cativeiro, mantendo nas devidas condições, pode passar dos 4 anos de longevidade.



Nenhum texto alternativo automático disponível.  


Imagem arquivo pessoal


Professor Ricardo Hisamoto - Biólogo

¹(d1935) eco sistema que inclui os seres vivos e o ambiente, com suas características físico-químicas e as inter-relações entre ambos; biogeocenose, biossistema, holocenose.

² Pragas Urbanas os insetos e pequenos animais que se proliferam desordenadamente no ambiente das cidades e que oferecem risco à saúde


Para saber mais:

http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/jornal/aranhasdejardim.htm

http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/araneideos.htm

http://www.parqueestadualserradomar.sp.gov.br/pesm/especie/aranha-lobo-lycosa-erythrognatha/



quarta-feira, 8 de março de 2017

Biólogo plantou três mil mudas e recupera sozinho 20 mil metros quadrados às margens de lagoa



Luiz Gonzaga trabalha para reflorestar área no entorno da Lagoa de Itaipu, em Niterói
OGLOBO.GLOBO.COM

Veja matéria na integra no  link:

http://oglobo.globo.com/rio/bairros/biologo-planta-tres-mil-mudas-recupera-sozinho-20-mil-metros-quadrados-as-margens-de-lagoa-17191039


Para saber mais:

http://www.pensandoaocontrario.com.br/2015/09/o-homem-que-rebrotou-um-mangue-sozinho.html

http://www.gentequecooperacresce.com.br/site/post.php?t=biologo-planta-mais-de-3-mil-mudas-de-arvore-em-manguezal-no-rj&id=4091

Uma árvore apenas, além de suas funções naturais para o meio ambiente, abriga centenas de formas de vidas que auxiliam o equilíbrio de um ecossistema.

Determinação é tudo, ainda mais por uma nobre causa! Parabéns caro colega e demais envolvidos nessa iniciativa.

Elogiável trabalho!

Professor Ricardo Hisamoto - Biólogo.


quarta-feira, 1 de março de 2017

A Harpia, a maior águia das Américas


Artigo por:

Aves de Rapina Brasil © 2007-2017 - Desenvolvimento, arte e conteúdo por: Willian Menq


Gavião-real

Harpia harpyja (Linnaeus, 1758)


Ordem: Accipitriformes
Família: Accipitridae
Grupo: 
Águias-harpias
Nome em inglês: Harpy Eagle
Habitat: Florestas
Alimentação: Macacos, preguiças
e aves de médio porte.



Distribuição no Brasil:




Status: 
(VU) Vulnerável 
Highslide JS
Fêmea adulta. Parauapebas/PA, Dez. de 2011.
Foto: 
Silvana Licco
00:00/00:49
Vocalização típica (A) - (gravado por: Bradley davis)
Trata-se de uma das maiores e mais poderosas águias do mundo. Florestal, pode ser encontrada na região amazônica e em alguns pequenos trechos de Mata Atlântica da região sudeste, especialmente no sul da Bahia e norte do Espírito Santo. É uma poderosa predadora, caça desde macacos, preguiças até bugios e outras presas, por vezes com peso/tamanho da própria ave.
• Descrição: Mede de 90 a 105 cm de comprimento, sendo a maior águia das Américas e uma das maiores do mundo. Pesa de 4 a 5 kg (machos) e de 7,6 a 9 kg (fêmeas). Possuí asas largas e arredondadas que pode atingir até 2 m de envergadura (Sick, 1997; Ferguson-Lees & Christie, 2001). O adulto apresenta o dorso cinza-escuro quase negro, com peito e abdômen branco, pescoço com colar negro, e cabeça cinza com um penacho bipartido. Apresenta as partes inferiores das asas e calções brancos com estrias negras, e cauda escura com três barras cinzas. O jovem apresenta a plumagem clara, variando do branco ao cinza claro. Demora de 4 a 5 anos para atingir a plumagem adulta. Linnaeus cientista que a descreveu serviu-se do nome dos monstros alados da mitologia grega para designar a mais possante espécie de nosso país.


Fêmea adulta
Candeias do Jamari/RO. Nov 2011.
Foto: 
Danilo Mota

Indivíduo jovem.
Parque Estadual do Cantão , Set de 2010. Foto: 
Marco Crozariol

Indivíduo adulto.
Alta Floresta/MT. Abr de 2012
Foto: 
João Sérgio Barros

• Alimentação:
 A base da sua alimentação é constituída principalmente de mamíferos arborícolas, como preguiças e primatas, e terrestres, como cachorros-do-mato, veados, quatis, tatus e outros (Sick, 1997; Barnet et al. 2011; Miranda 2015). Também captura aves, como seriemas, araras e mutuns, e répteis (Mikich & Bérnils, 2004; Sick, 1997). Graças aos tarsos e garras bem desenvolvidas, com unha do halúx de até 7 cm, consegue capturar presas com mais de 6 kg.
Caça por espreita, fica pousada procurando suas presas por longos períodos, o que a torna discreta e pouco notada, apesar de seu grande tamanho (ICMBio, 2008; Robison, 1994). Ao localizar uma presa, desloca com agilidade entre as copas das árvores, capturando suas presas tanto nas árvores quanto no solo. Devido a diferença de tamanho entre os sexos, o casal caça presas diferentes, o macho por ser menor e mais ágil, caçando pequenos mamíferos terrestres e aves, enquanto a fêmea maior e mais lenta, captura macacos e preguiças. Mais sobre alimentação...


Indivíduo com quati nas garras. Rio Javaés - Pium/TO. Julho de 2008. Foto: Robson Silva e Silva

Indivíduo adulto com preguiça-real.
Candeias do Jamari/RO. Dez 2011.
Foto: 
Danilo Mota

Indivíduo adulto com ninho na RPPN Sesc Pantanal, MT Agosto de 2009.
Foto: Flávio Kulaif Ubaid

• Reprodução:
 É monogâmica, constrói o ninho em formato de plataforma no alto de árvores emergentes, usando geralmente a primeira ramificação da árvore. O ninho é construído com pilhas de galhos e ramos secos (Sick 1997). Coloca até 2 ovos que são esbranquiçados, pesando em média 110 g, com tempo de incubação de aproximadamente 56 dias (Retting, 1978). Somente um filhote sobrevive, com os primeiros voos ocorrendo com 141 a 148 dias de idade. Após sair do ninho, permanece sempre nas proximidades, recebendo alimento dos pais com menor frequência (às vezes, uma vez a cada cinco dias) (Retting, 1978). O jovem mantém um período de dependência dos adultos superior a um ano, o que faz com que os casais se reproduzam a intervalos de pelo menos dois anos (Mikich & Bérnils, 2004; Sick, 1997). Mais sobre reprodução... 


Indivíduo adulto e filhote no ninho.
Alta Floresta/MT. Abr de 2012
Foto: 
João Sérgio Barros

Indivíduo realizando os primeiros saltos. Out 2011. Candeias do Jamari/RO. Foto: Danilo Mota.

Adulto e filhote no ninho. Alta Floresta/MT, Junho de 2009.
Foto: 
Rudimar Cipriani

• Distribuição geográfica:
 Ocorre desde o sul do México à Bolívia, nordeste da Argentina e por quase todo o Brasil (Sick, 1997; Ferguson-Lees & Christie, 2001). Porém, é possível que esteja extinta em muitos países da América do Sul. No Brasil, historicamente já foi registrada em quase todos os estados, exceto alguns na região nordeste (Sick, 1997). Atualmente, a maior parte da população remanescente está concentrada na região amazônica e em alguns trechos da Mata Atlântica da região sudeste (sul da Bahia e norte do Espírito Santo), além de registros pontuais no sul do Brasil.
• Hábitos/Informações gerais: Habita florestas de planícies e altitudes de até 2.000 m do nível do mar. Vive em extensas áreas de floresta preservadas, podendo ocorrer em pequenos fragmentos isolados desde que haja presas suficientes para sua existência. Seu canto é um assobiado, forte e bem audível à distância. Embora seja uma ave grande, é extremamente discreta, prefere pousar entre a vegetação e não no topo da copa das árvores, raramente voa acima da copa das árvores, também raramente aparece em áreas abertas.
Devido ao seu grande porte e imponência, sempre foi troféu cobiçado tanto por índios como por caçadores. Em aldeias indígenas (Xingu), eram mantidas em gaiolas desde filhotes para serem retiradas penas para ornamentos. Para algumas tribos indígenas, a harpia é considerada símbolo de liberdade e altivez. Em outras tribos é mantida em cativeiro como propriedade do cacique, e quando o cacique morre, a ave também é morta ou até enterrada viva com seu dono (Sick, 1997).
• Ameaças e Preservação: Dentre as ameaças, o desmatamento, a fragmentação e alteração de hábitats, são as principais causas do desaparecimento da espécie em boa parte do Brasil. Além disso, indivíduos que vivem próximos a áreas habitadas podem sofrer abates por parte de avicultores, com o intuito de evitar ataques à criação (Mikich & Bérnils, 2004). Há também relatos de caça para fins de consumo humano, como já relatado por Freitas et al. (2014) na região da Reserva Biológica Gupuri, Maranhão. A proteção e fiscalização de áreas com ocorência da espécie, educação ambiental, estudos populacionais e monitoramentos, são medidas emergenciais para a conservação da espécie no Brasil.
• Status nas listas vermelhas estaduais:

Paraná: CR - Criticamente em perigo (Mikich & Bérnils, 2004).
Rio Grande do Sul: CR - Criticamente em perigo (Rio Grande do Sul, 2014).
São Paulo: CR - Criticamente em perigo (Silveira et al., 2009).
Minas Gerais: CR - Criticamente em Perigo (Copam 2010).
Rio de Janeiro: EN - Em Perigo (Alves, et al. 2000).
Espírito Santo: CR - Criticamente em Perigo (Simon et al, 2007).
Santa Catarina: Criticamente em Perigo (Consema 2011).
• Pesquisas: Desde 1997 o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) realiza o projeto gavião-real com o desafio de conhecer e conservar a espécie no Brasil. O projeto conta com a participação vários pesquisadores que monitoram mais de 40 ninhos nos estados do Amazonas, Pará, Rondônia e outros cinco ninhos no Pantanal e Mata Atlântica.
No Paraná, o Refúgio Biológico Bela Vista, da Itaipu Binacional, apresenta um dos maiores projetos de reprodução da espécie no Brasil. Até o inicio de 2015, mais de 20 espécies nasceram em cativeiro. O objetivo do projeto, é realizar, a médio prazo, a reintrodução da espécie.


Indivíduo adulto defendendo o ninho da visita de um pesquisador.
Foto:
 Angel Muela

Indivíduo jovem fotográdo em Camacan/Bahia.
Foto: 
Catalina Sanchez-Lalinde

Adulto nas proximidades do ninho. Alta Floresta/MT. Junho de 2009. Foto: Rudimar Cipriani



Registro importante de um indivíduo adulto no Parque Estadual do Turvo/RS. Março de 2015.
Foto: Dante Meller

Filhote de quatro meses do projeto de reprodução da espécie do Refúgio B. Bela Vista, Foz do Iguaçu/PR
Foto: 
Willian Menq

Fêmea jovem em vôo.
Rio Kuluene - Canarana/MT,
Julho de 2009.
Foto: 
Isabel Pellizzer
Fonte:

Menq, W. (2016) Gavião-real (Harpia harpyja) - Aves de Rapina Brasil. Disponível em: < http://www.avesderapinabrasil.com/harpia_harpyja.htm > Acesso em: 27 de Fevereiro de 2017

Todo o conteúdo das páginas está sujeito às leis internacionais de direitos autorais. O conteúdo do site (textos e arquivos PDF) pode ser utilizado em trabalhos escolares, científicos, pesquisa, educação ambiental e como material didático, desde que seja citado o site ARB nos créditos.





A Harpia (Harpia harpyja), é uma das águias mais poderosas, e está entre as três maiores do mundo.

Data Comparison


* Harpy Eagle 203 cm envergadura

Source: Ferguson-Lees, J.; Christie, D. (2001). Raptors of the World. London: Christopher Helm. ISBN 0-7136-8026-1.



Por G1: http://glo.bo/1NwNlhb

Harpia é a maior águia encontrada no Brasil e corre o risco de desaparecer

As asas abertas da harpia, também conhecida como gavião-real, chega a 2 metros. Animal caça mamíferos com mais de 6 quilos.

Gavião-real (Harpia harpyja) (Foto: Carlos Alberto Coutinho/TG)Harpia cuida do filhote no ninho: primeiras aulas de voo (Carlos Alberto Coutinho/TG) gavião-real (Harpia harpyja), também conhecido como harpia, é a maior águia encontrada no Brasil, medindo até 105 centímetros de comprimento. Os machos pesam de 4 a 5 quilos e as fêmeas podem chegar até 9 quilos. A envergadura chega a 2 metros de comprimento.
De asas largas, tarsos e garras bem desenvolvidos, com a unha medindo até 7 centímetros, consegue capturar presas com mais de 6 quilos. Alimenta-se de mamíferos: preguiças, primatas, veados, quatis e algumas aves como seriemas, araras, além de répteis.
Discreta, apesar do tamanho, a ave fica à espreita, em busca de presas por longos períodos. A diferença de tamanho entre o macho e a fêmea os fazem capturar presas diferentes. Enquanto o macho, menor e mais ágil, caça mamíferos terrestres e aves, a fêmea, maior e mais lenta, busca macacos e preguiças.
O casal é monogâmico e constrói ninhos em formato de plataforma no alto das árvores, principalmente as da Floresta Amazônica e da Mata Atlântica. Devido ao desmatamento e alteração do hábitat, a ave é dificilmente avistada em boa parte do Brasil.
Desde 1997 é estudada pelo Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa) através do projeto Gavião Real, que busca conhecer e conservar a espécie no País.
Para saber mais e fontes:
Professor Ricardo Hisamoto - Biólogo.