segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

O risco de desertificação em regiões do Brasil


A equação é simples; + desmatamento - chuvas = Desertificação!

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) alertou que a crescente desertificação é uma grande ameaça para a agricultura e os ecossistemas do mundo. Para mudar essa realidade, a agência da ONU lançou uma nova iniciativa destinada a conter a propagação da degradação do solo e promover a resiliência às mudanças climáticas.
O programa “Ação contra a desertificação” foi elaborado pela FAO em parceria com a União Europeia e a Associação de países da África, Caribe e Pacífico (ACP) e vai direcionar cerca de 41 milhões de euros para reforçar a gestão sustentável da terra nas áreas mais vulneráveis ??do mundo, em um esforço para combater a fome e a pobreza.
“Desertificação e a degradação da terra são desafios muito sérios. Eles nos levam à fome e à pobreza, além de serem a raiz de muitos conflitos”, afirmou o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva.
“Mas os sucessos recentes mostram que esses problemas não são insuperáveis??. Podemos aumentar a segurança alimentar, melhorar os meios de vida e ajudar as pessoas a se adaptarem à mudança climática”, continuou.
A FAO informa que mais de 70% das pessoas que vivem em terras secas e outros ecossistemas frágeis na África, no Caribe e no Pacífico derivam seus meios de subsistência a partir de recursos naturais.
Ao mesmo tempo, o crescimento populacional e as mudanças climáticas aumentaram a pressão sobre estes ecossistemas, intensificando a degradação e a desertificação, colocando milhões de vidas em risco.
Programa carro-chefe
Em um esforço para reduzir os efeitos da desertificação na África, a Ação Contra a Desertificação terá como base um “programa carro-chefe” já existente: “A muralha verde para o Saara e o Sahel”.
O programa desenvolvido na Burkina Faso, Etiópia, Gâmbia, Níger, Nigéria e Senegal, apoia as comunidades locais, o governo e a sociedade civil a gerirem sustentavelmente e restaurarem suas florestas de terras secas e pastos naturais.
Dois terços do continente africano é classificado como deserto ou terras secas e as mudanças climáticas geraram períodos prolongados de seca. Além disto, a intensa atividade agrícola e de pastagem contribuíram para a degradação do solo e o desmatamento fez com que terras outrora férteis se tornassem hoje áreas desertas.
Na mesma nota, o programa apoiado pela FAO diz que apoia o agroflorestamento e que vai incentivar a criação de escolas de campo para os agricultores, para que eles possam aprender as causas e as melhores formas de combater e prevenir a desertificação.
Enquanto isso, tanto no Caribe quanto no Pacífico, a nova iniciativa terá como alvo os problemas de perda de solo e de degradação de habitats naturais, ajudando as comunidades locais a adotarem melhores práticas de manejo do solo e de gestão de florestas.
Fonte: ONU Brasil

Do Envolverde,  Rodolfo Machado 08/2014
O sudeste do Brasil, parte da região central e do sul caminham para se tornar desérticas. A seca registrada este ano na porção centro-sul, principalmente em São Paulo, está ligada a permanente e acelerada degradação da floresta amazônica. O transporte de umidade para as partes mais ao sul do continente está sendo comprometida, pois além de sua diminuição é trazido partículas geradas nos processos de queimadas que impedem a formação de chuvas.
Os cientistas do (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa) há mais de uma década fizeram esse alerta, que a cada ano está pior e mais grave. E coloca em confronto o modelo econômico agropecuário, baseado em commodities, com a área mais industrializada, produtiva e rica do país. E também a mais urbanizada e detentora de 45% da população brasileira e abrigada em apenas 10,5% do território nacional.
O cientista e doutor em meteorologia do Inpe, Gilvam Sampaio de Oliveira, a situação é preocupante e bem mais grave do imaginado em relação a eventos extremos. A comunidade científica está surpresa com a dinâmica das alterações do clima. O número de desastres naturais vem crescendo. Entre 1940 e 2009 houve uma curva ascendente de inundações e o número de dias frios, principalmente em São Paulo, está em franca decadência.
“As questões que já estamos passando, como essa seca, eram projetadas para daqui há 15 ou 20 anos. A área de altas temperaturas está aumentando em toda América do Sul. Em São Paulo e São José dos Campos, por exemplo, há um aumento de chuvas com mais de 100 milímetros concentradas e períodos maiores sem precipitação alguma. E quanto mais seca a região, aumenta o efeito estufa e diminui a possibilidade de chuvas”, alertou o cientista.
O sistema principal formador do ciclo natural que abastece a pluviometria do sudeste começa com a massa de ar quente repleta de umidade, formada na bacia do Amazonas, seguindo até os Andes. Com a barreira natural, ela retorna para a porção sul continental, o que decreta o regime de chuvas.
A revista científica Nature publicou em 2012 um estudo inglês da Universidade de Leeds. O artigo apresentou o resultado de um estudo no qual os mais de 600 mil quilômetros quadrados de floresta amazônica perdidos desde a década de 1970, e com o avanço do desmatamento seguido de queimadas cerca de 40% de todo complexo natural, estará extinto até 2050. Isso comprometerá o regime de chuvas, que seriam reduzidas em mais de 20% nos períodos de seca.
Faixa dos desertos
O sudeste brasileiro está na faixa dos desertos existente no hemisfério sul do planeta. Ela atravessa enormes áreas continentais, como os desertos australianos de Great Sendy, Gibson e Great Victoria, na plataforma africana surgem as áreas desertificadas da Namíbia e do Kalahari e na América do Sul, o do Atacama. Sem qualquer coincidência, ambos desertos africanos, inclusive em expansão, estão alinhados frontalmente, dentro das margens latitudinais, com as regiões dos Estados do Sudeste e do Sul do país.
Essa porção territorial só se viu livre da desertificação com o êxito da Amazônia e a formação da Mata Atlântica. Ambas foram determinantes para se criar um regime de chuvas que mantiveram essas partes do Brasil e da América do Sul com solos férteis e índices pluviométricos mais que satisfatórios à manutenção da vida.
O geólogo do Inpe  e assessor da Agência Espacial Brasileira (AEB), Paulo Roberto Martini,  tem sua teoria para esse fenômeno. Na qual a desertificação destas regiões ocorrerá se o transporte de ar úmido for bloqueado ou escasseado, por ação natural ou antrópica. Exatamente o que vem acontecendo. As investigações geomorfológicas já mostraram que entre os anos 1000 e 1300 houveram secas generalizadas e populações inteiras desaparecerem nas Américas. E isto pode ocorrer novamente, agora potencializado pela devastação causada pelo homem.
“Esse solo da região Sul e Sudeste tem potencial enorme para se tornar deserto, basta não chover regularmente. A distribuição da umidade evitou que essa região da América do Sul fosse transformada num imenso deserto”, explicou Martini.
Segundo o pesquisador, no fim do período glacial, por volta de 12 mil anos, a cobertura do Brasil teria sido predominantemente de savana, como na África, pobre em diversidade e formada por gramíneas e poucas espécies arbóreas. O que ainda é encontrado no interior de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e no Mato Grosso. Entretanto, a umidade oceânica associada à amazônica possibilitou a constituição da Mata Atlântica e seu ingresso continente adentro.
A penetração da flora em áreas de campo realimentou o ciclo das chuvas, nível de umidade das áreas ocupadas e a fertilização do solo. Em milhares de anos formou-se um vasto complexo florestal, atualmente reduzido a menos de 5% de seu tamanho original na época do descobrimento.
“Há uma cultura de degradação e falar em restauração das matas no Brasil é ficção. Só se produz água quando se faz floresta, a sociedade tem que reagir a isso”, observou o dirigente da entidade SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani.
As pesquisas mostram que o povoamento vegetal no que é hoje o território brasileiro teria começado pela costa do Oceano Atlântico, seguindo para o interior ao longo das várzeas dos rios, onde se encontram os solos mais ricos em nutrientes. Foram milhares de anos neste ritmo, o que induziu diversos especialistas a defenderem a tese de que a Mata Atlântica esteve intimamente ligada a Floresta Amazônica, pois ambas detém diversas semelhanças em seus ciclos sazonais e em espécimes de fauna e flora.
Mas com a derrubada desta proteção vegetal e o encurtamento do ciclo de chuvas oriundas do mega sistema amazônico, as mudanças climáticas ganharam impulso e têm causado alterações no desenvolvimento de diferentes culturas agrícolas, entre elas milho, trigo e café com impactos imensos na produção brasileira e norte-americana. A avaliação partiu dos integrantes do Workshop on Impacts of Global Climate Change on Agriculture and Livestock , realizado em maio na Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto (SP).
* Júlio Ottoboni é jornalista diplomado e pós-graduado em jornalismo científico.
Desmatamento da floresta tropical pode tornar o Sudeste inabitável pela falta de água
A região de maior desenvolvimento econômico da América do Sul seria um imenso deserto sem a floresta amazônica e a cordilheira dos Andes. Esta é a teoria surgida em estudo feito no Instituto de Pesquisa da #Amazônia (Inpa) e no Instituto de Física Nuclear de São Petersburgo, na Rússia.
Os estudos mostram que mais de 60% do transporte de umidade para algumas áreas do planeta é realizado pela ação direta da floresta. Ela seria uma fonte de vapor muito forte, além de promover uma sucção de umidade na #atmosfera em suas cercanias. Com isto, a vegetação amazônica acabaria sendo um dos componentes na formação, inclusive, de ventos alísios que sopram de leste para oeste e distribuem a umidade de maneira transcontinental.
Para se ter uma ideia da dimensão desta evaporação no território florestal, o volume diário do rio Amazonas atinge 17 bilhões de toneladas, enquanto a vegetação lança à atmosfera 20 bilhões de toneladas por dia em moléculas de água - algo, inclusive, já cientificamente comprovado ser maior que o índice ocorrido na mesma faixa no oceano Atlântico. Um dia da #energia despendida nesta evaporação - que forma as nuvens e auxilia na circulação atmosférica - representa o esforço feito pela Usina de Itaipu, em carga plena, durante 145 anos.
Para saber mais e fontes:
http://amazonia.org.br/2014/10/onu-lan%C3%A7a-iniciativa-focada-na-amea%C3%A7a-de-desertifica%C3%A7%C3%A3o/
http://jornalggn.com.br/noticia/cientistas-alertam-para-risco-de-desertificacao-da-regiao-sudeste
https://www.youtube.com/watch?v=AJtFLUf3HrQ
Professor Ricardo Hisamoto - Biólogo.

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